A presença de novos negócios ligados à agricultura e consequente geração de empregos é percebida também logo na chegada a São Gabriel. Além de silos de cerealistas sendo erguidos às margens da BR-290, revendas de máquinas e insumos cercam o trevo da cidade.
Multinacional e cooperativas montam parceria para lojas
Uma das últimas empresas de máquinas a se instalar na cidade foi a Case IH, em parceria com a Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio) — que abriu outras cinco revendas da marca na metade sul do Estado nos últimos anos.
— Demos pririodade a municípios onde a multinacional ainda não estava presente e onde a soja avançou de forma significativa nos últimos anos — destaca Marcelo Caggiani, gestor da filial de São Gabriel da Cooplantio.
Em cada nova revenda da marca na região, onde colheitadeiras de grande porte chegam a custar mais de R$ 1 milhão, foram empregados em média 15 trabalhadores.
Negócios na proporção das colheitas
Com uma das maiores áreas plantadas com soja na região, quase 80 mil hectares, Dom Pedrito colhe resultados proporcionais à safra a cada ano. Seja em negócios ligados ao setor ou no comércio em geral, o município ganhou um novo perfil econômico com a diversificação da atividade agrícola.
Somente na pequena Rua 7 de Setembro, três revendas de máquinas fazem com que o produtor consiga comparar preços e produtos. No rastro da soja, o município também atrai serviços e negócios de jovens empreendedores.
— Montamos uma empresa com espírito de cooperativa, vendendo o insumo e prestando assistência técnica — explica Rodrigo Alves Vieira, gerente comercial da Sabiá Agroinsumos, aberta há mais de um ano.
Para não depender do tempo, produtores investem em irrigação
Caracterizada por estiagens frequentes no verão, a Região Sul foi beneficiada nos últimos três anos por volumes generosos de chuva nos meses de calor. Neste ano, por exemplo, escapou praticamente ilesa das variações climáticas que reduziram a produtividade da soja no Estado — ao contrário do Norte gaúcho.
— Choveu 733 milímetros em janeiro, fevereiro e março. Isso é totalmente atípico aqui para nós. A média histórica não passa de 100 milímetros por mês — destaca Elói Pozzer, chefe do escritório da Emater em Bagé.
As precipitações garantiram produtividades satisfatórias na região, acima de 40 sacas por hectare. Quem não quer colocar a produção nas mãos do tempo, começa a investir em irrigação. Nos 270 hectares de soja cultivados na comunidade de Ponche Verde, no interior de Dom Pedrito, Amauri Marchezan, 77 anos, tem 50 hectares irrigados com pivô central. E os planos, encabeçados pelo filho Elvio Marchezan, 48 anos, é de aumentar a área irrigada para garantir boa produção mesmo em anos de seca.
— Não podemos ficar dependendo de São Pedro sempre — disse Amauri, que junto com a soja planta 130 hectares de arroz e cria cerca de 1,7 mil cabeças de gado da raça braford.
A irrigação nas lavouras de soja avança a passos lentos na Metade Sul. Isso porque grande parte das terras cultivadas com o grão são arrendadas.
— Normalmente a irrigação é feita em áreas próprias, por se tratar de investimento a longo prazo — explica Pedro de Oliveira, proprietário da Irrigasul, empresa voltada à sistemas de irrigação.
Em Dom Pedrito, por exemplo, apenas três mil hectares de soja são irrigados — percentual de 3,7% de toda a área cultivada no município. O espaço para crescer é justificado pelos ganhos de produtividade, diante do investimento médio de R$ 5 mil por hectare. Conforme Oliveira, as áreas irrigadas na região têm alcançado médias de 70 sacas por hectare — 75% a mais do que nas áreas de sequeiro.
Foto – Fernando Gomes / Agência RBS
1 comments