Produtor de soja em Vacaria, no norte do Estado, Narciso Barison Neto percorreu mais de 660 quilômetros, até Aceguá, para aumentar a área plantada. O movimento de Barison não é isolado e mostra o crescimento da migração de agricultores para a metade sul do Estado – onde a lavoura do grão mais do que dobrou na última década.
Conforme levantamento da Emater, divulgado recentemente durante a 36ª Expointer, as lavouras de verão do Rio Grande do Sul ganharão 127,3 mil novos hectares de soja no ciclo 2013/2014.
A expansão se dará em cima da redução de quase 40 mil hectares do cultivo de milho e de 96,2 mil hectares de áreas tradicionalmente ocupadas por pecuária no sul do Estado. Nas regiões de Bagé e Pelotas, por exemplo, a área plantada com o grão na última década aumentou 120% e 184%, respectivamente.
– Preços em alta e demanda aquecida fazem com que produtores com expertise em grãos busquem novas áreas para plantar nessas regiões onde a pecuária e o arroz sempre dominaram a agropecuária – destaca o presidente da Emater, Lino de David.
Além da possibilidade de expansão, o preço da terra no Sul, na Fronteira Oeste e na Campanha também ajuda a atrair os produtores do Norte. A diferença no valor do hectare foi determinante para Barison investir em mil hectares em Aceguá, na fronteira com o Uruguai. Na propriedade, com áreas de várzea e coxilha, irá plantar soja e arroz pela primeira vez na próxima safra.
– O preço do hectare no Sul custa 30% do que eu pagaria na região Nordeste. Somado a isso, terei menos custos de transporte para escoar a soja até o porto em razão da distância menor – disse Barison, enquanto fechava na Expointer a compra de um trator que será usado na nova lavoura.
A aposta dos produtores de soja na Metade Sul, ainda mais diante da seca que atinge as lavouras do grão em regiões dos Estados Unidos e farão a oferta mundial diminuir, é ponderada pelo diretor técnico da Emater, Gervásio Paulus.
– Esse avanço nos preocupa porque o solo nessa região é bem mais sensível, o que aumenta a possibilidade de erosões – explica.
Quanto à safra total de grãos, incluindo milho, arroz e feijão, a estimativa é de pouca mudança na área plantada em relação ao ano passado, com destaque para a variação negativa prevista para a lavoura de milho. Se a previsão de um ano normal se confirmar, com chuvas regulares, a entidade aposta em uma safra cheia – semelhante à colhida neste ano.
Fonte: Joana Colussi – Caderno Campo e Lavoura – Jornal Zero Hora
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