O que você precisa aprender com Julian Assange (e eu não estou falando de política).

    Julian Assange é um jornalista e ciberativista australiano. Ele tornou-se mundialmente conhecido com porta-voz da organização Wikileaks, responsável pela publicação de mais de 250 mil documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis, sobretudo aos Estados Unidos da América.
    Além do sucesso alcançado com a organização transnacional, recentemente Assange vem obtendo enorme repercussão ao coordenar uma serie de entrevistas com pensadores, ativistas e líderes políticos. Nesta série já conversaram com ele, por exemplo, o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, líderes do movimento Occupy e Moncef Marzouki, primeiro presidente eleito na Tunísia após a Primavera Árabe.
    As entrevistas vêm sendo transmitidas ao vivo e reproduzidas em diversas emissoras e sites de vários países, alcançando relevante audiência e repercussão. Pareceria trivial, se o australiano não estivesse preso há quatro meses. Não se trata de uma prisão comum, é bem verdade. Ele só não pode sair da Embaixada do Equador em Londres, onde está sitiado desde que, condenado pela polícia sueca por um suposto crime, solicitou asilo político ao país sul-americano. No instante em que sair do prédio, Julian será preso pela Interpol e extraditado para a Suécia, onde poderia vir a ser posteriormente levado aos Estados Unidos, onde seria – conforme dizem seus correligionários – julgado por espionagem, fruto do seu trabalho de divulgação de documentos secretos. 
    Julian Assange está cercado e sitiado, mas não deixou de ter voz ativa. Possivelmente, se este fato ocorresse há algumas décadas, ele estaria calado perante o mundo, e mantê-lo ali seria suficiente para as intenções dos que o consideram uma ameaça a segurança norte-americana. Mas no mundo contemporâneo não. Com as novas tecnologias de comunicação, o limite entre estar em prisão domiciliar e ter liberdade para expressar o que pensa é quase inexistente. Não poder sair de “casa” não significa que seu grito não possa ecoar pelo mundo.
    É fundamental observar o quanto, com inúmeras novas e poderosas formas de comunicação a disposição de extensa parcela da população mundial, as fronteiras do mundo estão sendo reorganizadas e, em muitos casos, extintas. Isto vale para as da “cela” do ciberativista australiano que chocou o establishment norte-americano, mas também se aplica a barreira que um dia delimitou a atuação de inúmeras empresas, como onde termina uma cidade e começa outra.
    Esse intercâmbio político, cultural e econômico, e nos mundos do conhecimento e dos negócios é responsável por algumas das maiores mudanças na nossa sociedade nas últimas décadas, e crescerá exponencialmente nos próximos anos. Quem negar isso, ou não se atualizar, está “condenado” a ficar obsoleto e, mesmo com liberdade de ir e vir, estará menos livre que Assange.

    Marcelo Nogueira é graduado em Engenharia pela Universidade Federal de Pelotas e acadêmico de Administração pela mesma Universidade. Edita o Blog Caminhos da Zona Sul. Para ler mais da seção “Opinião”, clique aqui.

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