Interessante reportagem da Revista Exame relatando algumas histórias de superação pela educação e o que elas tem a ver com a nova mobilidade social brasileira. Leitura obrigatória, pois mostra que o sucesso deve ser visto como fruto de dedicação e esforço, e não resultado da sorte ou do acaso.
Dejanir Silva tem nome, sobrenome e origem de gente humilde. Cresceu em Mauá, cidade operária na região metropolitana de São Paulo. Durante a infância e parte da adolescência, viveu com os pais, o irmão e uma tia em uma casa com apenas um quarto.
Aos 17 anos, meses antes de se formar numa escola pública de qualidade duvidosa, tirou zero num teste de matemática voltado para vestibulandos — e caminhava assim para ser mais um na multidão de jovens de classe média baixa que, embora formalmente educados, têm pouca ou nenhuma capacitação.
No próximo mês, o mesmo Silva, hoje com 27 anos, passa a fazer parte da elite acadêmica internacional. Já com o título de mestre em economia pela Universidade de São Paulo, onde também fez a graduação, ele se muda para Boston, nos Estados Unidos, para iniciar o doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), um dos mais emblemáticos centros de educação e pesquisa americanos.
O capítulo fascinante da trajetória entre Mauá e o MIT é o fato de ele ter sido cortejado pelas melhores universidades americanas. Silva se inscreveu em 14 instituições — e foi chamado por nove ícones de ensino, como Yale, Columbia, Chicago e Stanford. As vizinhas Harvard e MIT chegaram a disputá-lo.
Ambas ofereceram inicialmente uma bolsa anual de 30 000 dólares, mas Harvard cobriu o valor e deu 35 000 dólares — o que fez o MIT elevar sua proposta para 37 000. “Dejanir é brilhante”, diz Mauro Rodrigues, seu orientador no mestrado. “Na história de nossa faculdade, nunca tivemos um aluno aceito em tantas universidades de ponta ao mesmo tempo.”
Os dez anos que transformaram a história de vida de Silva foram marcados, acima de tudo, por muito esforço. Após o resultado desastroso na prova, ele aprimorou a matemática por meio do Kumon, um método de ensino japonês em que o estudante faz centenas de exercícios sozinho.
Aprendeu inglês lendo livros comprados em sebos e ouvindo palestras de professores estrangeiros que baixava no computador. E estudou muito, em qualquer hora e lugar.
Nos ônibus presos em engarrafamentos, nos trens metropolitanos lotados, nos domingos e feriados, antes e depois dos almoços em família, na praça de alimentação dos shoppings, enquanto Luciene, a primeira e única namorada, com quem se casou em 2006, fazia as compras de casa. “Não sou especial. Eu estudo”, diz.
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