O plano de negócios 2012-2016 da Petrobras e o polo naval de Rio Grande

    A Petrobras apresentou no dia 25 de Junho seu plano de negócios para o quadriênio 2012-2016, que faz parte do plano estratégico da companhia até 2020. Não li nada na imprensa local sobre este documento, além dos tradicionais releases e notícias das grandes agências, mas ele é importantíssimo para a sequência da construção naval na região. O que convencionou-se chamar de Polo Naval – ou seja, instalações da QUIP e do Estaleiro Rio Grande, além das sistemistas – é, até o momento, 100% dependente da Petrobras. Todas as encomendas destes 2 expoentes da indústria naval local são da Petrobras, uma empresa de capital aberto mas que tem como maior acionista o governo federal (diretamente e também, em menor escala, através do BNDES), sendo dependente, portanto, além dos movimentos naturais da economia global, do humor dos políticos que comandam o país.
    Em fevereiro de 2012 houve uma troca de comando na Petrobras. O cargo de presidente da companhia deixou de ser ocupado por José Sergio Gabrielli, professor universitário e que, ainda que fosse PhD em Economia pela Universidade de Boston e com diversas publicações no currículo, chegou até o posto mais importante da 8ª empresa do mundo (Forbes/2011), também, por ser do quadro do Partido dos Trabalhadores (PT) e fiel amigo do ex-presidente Lula. No seu lugar, Maria da Graça Foster, engenheira química, do quadro técnico da Petrobras, onde faz carreira desde os 24 anos de idade, e pessoa de confiança da atual Presidente da República Dilma Rousseff.
    O plano de negócios 2012-2016 atualizou para baixo as expectativas de produção da Petrobras. Graça Foster chegou a classificar as metas anteriores como “não realistas” e analistas vêm chamando a herança deixada a Graça, por parte de seu antecessor, de “herança maldita”, a mesma expressão cunhada pelos críticos do ex-presidente Lula ao se referirem ao modo como ele escolhia seus ministros e que Dilma recebeu no início de seu mandato. 

    Além disso, a nova presidente afastou quatro diretores ligados ao ex-presidente logo após assumir e mandou rever todos os contratos relacionados a projetos fundamentais iniciados por Gabrielli, como a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Também, diferentemente do que ocorria na gestão anterior, Graça Foster não demonstra tolerância com atrasos na entrega de encomendas.

    O sucesso do Polo Naval de Rio Grande passa pelo sucesso da Petrobras. E neste contexto é fundamental acompanhar os próximos passos previstos pela companhia.
    Para ver a apresentação sobre o plano de negócios da Petrobras, clique aqui. (arquivo em pdf)

    Marcelo Nogueira é graduado em Engenharia pela Universidade Federal de Pelotas e acadêmico de Administração pela mesma Universidade. Participa do Blog Caminhos da Zona Sul. Para ler mais da seção “Opinião”, clique aqui.

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