PROJETO DE INOVAÇÃO DA UFPEL OBTÉM RECURSOS PARA DESENVOLVIMENTO DE BIOPRODUTOS

    A expectativa do projeto é contribuir com a proteção à saúde dos animais e a redução da quantidade de medicamentos. Batista – CCS/UFPel

    Recursos, de cerca de R$ 2,6 milhões, serão destinados para desenvolvimento de bioprodutos com fontes alternativas

    Projeto voltado ao bem-estar animal da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) conquistou, mediante participação no Edital de clusters tecnológicos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), cerca de R$ 2,6 milhões para elaboração de suplementos e produtos de origem biológica, os chamados “bioprodutos”, derivados de fontes alternativasinsetos e microalgas. As atividades estão em execução desde o início de agosto, com perspectiva, ao final do processo, de disponibilização comercial das soluções desenvolvidas.

    A proposta, que visa à demanda de alimentos para uso animal, reúne projetos de inovação assistidos pelas incubadoras de base tecnológica da UFPel, a Conectar, e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a Innovatio. Os projetos buscam a produção de dois tipos de matérias orgânicas para produção de suplementos, as denominadas “biomassas”: de microalgas cultivadas por meio de fotobiorreatores com água do mar (volumes, com uma fonte de luz, onde ocorrem as reações dos seres vivos) e de insetos. “Unimos as duas empresas incubadas, na UFPel e na FURG, e pesquisadoras das duas Instituições”, comemora o professor Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos (CCQFA) da UFPel, coordenador do cluster tecnológico contemplado, Claudio Martin de Pereira.

    A expectativa do projeto é contribuir com a proteção à saúde dos animais e a redução da quantidade de medicamentos. As formulações propostas, baseadas nas algas, são ricas em Ômega 3 e 6, gorduras (lipídios) responsáveis por melhorar o sistema imunológico. Já as biomassas de insetos possuem ácido láurico. Essa composição, a ser confirmado nas pesquisas, possui potencial antibiótico. “É muito mais que uma ração”, sintetiza. Com o suplemento a ser desenvolvido, os resultados serão alcançados com menos tempo e com menor quantidade. “Se você tem substâncias que vão proteger o animal contra doenças, ele não vai sofrer tanto, não vai precisar ter tantas doses de medicamento: isso atrapalha o organismo”, explica.

    Até a comercialização

    Desde 1º de agosto, está em execução a primeira etapa do projeto: a produção de biomassa. Após, serão desencadeados os processos de identificação, avaliação e seleção dos compostos produzidos para elaboração de suplementos. Uma vez que se obtenha a formulação farmacêutica preliminar, a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) em Soluções Agroalimentares, sediada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM), passará, então, à validação dos suplementos, mediante testes em animais.

    A unidade da Embrapii também contribuirá com recursos para o projeto e auxiliará na prospecção de parcerias comerciais. A indústria veterinária, conforme o professor, já manifestou interesse em comprar a biomassa e incorporá-la aos seus produtos. “Empresas veterinárias conhecidas no prospecto brasileiro que já demonstraram interesse na aquisição da matéria prima”, conta.

    Paralelamente, as biomassas produzidas poderão fornecer outros produtos em benefício do bem-estar animal, com nanopartículas (estruturas minúsculas produzidas pelos seres humanos) capazes de aumentar a imunidade. A expectativa, projeta, é de que as pesquisas possam levar a outros produtos farmacêuticos de uso veterinário (cápsulas, por exemplo), também voltados para o bem-estar animal.

    Recursos

    Os recursos obtidos são destinados a “clusters tecnológicos”, espaços que reúnem tecnologias por proximidade, de acordo com as áreas do conhecimento mobilizadas. Os cerca de R$ 2,6 milhões conquistados serão destinados ao investimento nos produtos, nas empresas assistidas (incubadas) pela UFPel e FURG e no parque de equipamentos disponíveis no projeto. Os valores serão revertidos em bolsas de pesquisa, infraestrutura para as empresas, instrumental de laboratórios e reagentes químicos, entre outros materiais de consumo da Universidade.

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