Documentos para licença foram enviados nesta terça-feira (8); empresários esperam também que haja processo de dragagem no canal
Um grupo de investidores liderado por uma empresa de São Paulo está trabalhando para construir um segundo porto em Rio Grande. A operação ficaria no canal São Gonçalo, no limite entre o município e Pelotas. A informação foi confirmada pelo deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que está fazendo a intermediação entre os empresários e órgãos de licenciamento.
— Fui procurado pelos empresários da Zona Sul para fazer contato com pessoal de um fundo de São Paulo. Passou algumas semanas, fiz o contato e o fundo falou que tem total interesse em construir o novo porto. Levamos os empresários para falarem com membros do governo e houve toda essa mobilização — explica o deputado, que vem trabalhando no projeto há cerca de seis meses.
De acordo com Goergen, o novo porto é um projeto totalmente privado e atenderia uma demanda importante, se somando aos atuais terminais de Pelotas e Rio Grande. Um dos destaques é que o Canal São Gonçalo faz ligação com a hidrovia da Lagoa Mirim, que, por sua vez, se conecta diretamente com o Uruguai.
— Além de potencializar a expansão logística portuária na área da Zona Sul, você traz o Uruguai para dentro do Brasil. É um ganho enorme para o país e para o Estado — comenta Goergen.
Para o porto sair do papel, alerta o deputado, é preciso que ocorra a dragagem do canal, uma demanda que já vem sendo pleiteada por empresários e políticos locais há algum tempo. Com a dragagem, navios maiores e carregando grandes volumes poderiam passar pela área, viabilizando a nova operação. Aliás, em novembro, o governo federal publicou um decreto autorizando a concessão de hidrovia fluvial e cana São Gonçalo.
Para a dragagem do canal, Goergen informa que a empresa DTA – Engenharia Portuária & Ambiental, uma das principais do setor de dragagem no Brasil, está fazendo o estudo da situação. A estimativa é que o investimento na dragagem gire em torno dos R$ 500 milhões.
— O governo encaminhou o processo para a DTA realizar um estudo. Depois, será analisado se o processo de dragagem será concedido a um investimento privado ou se será feito pelo próprio governo. A questão no canal não é um problema de largura, mas sim de profundidade. Por isso da dragagem.
Enquanto a questão da dragagem é analisada, o deputado trabalhou junto dos investidores para enviar ao Ibama os documentos para licenciamento do porto. De acordo com Goergen, a documentação foi encaminhada nesta terça-feira (8).
— Estávamos em dúvida se o licenciamento seria pela Fepam ou pelo Ibama. Mas conversei com o presidente do Ibama, que me explicou que, como são mais de 15 milhões de toneladas envolvidas na logística, o licenciamento será via Ibama. Reunimos a documentação e enviamos hoje (terça-feira) — finaliza.
Em um vídeo institucional organizado pelos investidores, há destaque para localização do novo porto. Ele fica em uma área de 137,5 hectares, com acesso direto à BR-392 e ligação com o porto de Rio Grande.