Os dados foram divulgados pelo Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) e analisados pelo EDR/UCPel
Conforme dados divulgados pelo Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged), Pelotas fechou o ano de 2020 com saldo negativo na geração de empregos. Foram 20.292 admissões para 21.231 desligamentos, totalizando uma perda de 939 postos de trabalho no município. Os números surpreenderam o coordenador do Escritório de Desenvolvimento Regional da Universidade Católica de Pelotas (EDR/UCPel), professor e economista Ezequiel Megiato, que almejava um melhor resultado. “Quando estávamos em março e abril do ano passado, esperava-se uma redução muito maior de empregos. Mas, o número de admissões aumentou com uma adaptação e uma maior previsibilidade em relação à pandemia”, avalia.
Por outro lado, dezembro seria o mês que apresentaria saldos positivos, em virtude das contratações de Natal, mas isso não aconteceu. “Não é o pior cenário, mas não é bom. Em 2019, por exemplo, perdemos mais empregos”, cita o coordenador do EDR. Pelotas terminou em 2020 com 60.246 pessoas empregadas com carteira de trabalho assinada.
Destaques por setor
Os setores mais atingidos foram comércio e serviços, com saldo negativo de 581 e 500, respectivamente. “São os mais representativos da economia, uma vez que são os maiores. Vale destacar que alguns nichos ou subsetores, como o da alimentação, acabaram não tão prejudicados. Conseguiram se reinventar”, explica o professor. Em compensação, a construção civil terminou o ano com saldo positivo de 165. A redução dos juros beneficiou tanto novas obras quanto reformas.
Com saldos negativos pequenos, a agropecuária (-21) e indústria (-2) encerraram 2020 praticamente recuperados. “A indústria estava trabalhando com estoque bem ajustado. Teve uma parada no primeiro semestre e depois retomou forte porque a demanda aumentou. No agro, há um momento positivo nas exportações e o auxílio emergencial fez com que houvesse uma maior demanda por alimentos”, analisa.
Perfil do desempregado
As mulheres foram as mais afetadas pelas demissões, com saldo negativo de 541, frente aos homens, com saldo negativo de 398. Megiato destaca o incremento do número de mulheres no mercado de trabalho, o qual se pode creditar esse resultado. “É sintomático, porque elas acabam trabalhando mais na área do comércio, então isso acaba facilitando que sejam mais impactadas pelo desemprego. É um número que chama atenção e mostra esse comportamento em todo Brasil”, comenta.
Em relação à idade, profissionais entre 50 e 64 anos foram os mais desligados das empresas, enquanto pessoas na faixa de 18 e 24 foram as mais contratadas. “O desemprego em idade avançada é preocupante, e já vem acontecendo no país há cerca de uma década”, diz. Os dados, segundo o economista, também mostram que o emprego de jovens apresenta alta rotatividade.
Comparativo
O balanço de 2020 para Pelotas é considerado inferior ao do Rio Grande do Sul, que apresentou saldo negativo de 20.220. Em dezembro, o saldo de várias cidades gaúchas foi melhor que Pelotas. “Em 2020, em todo país, tivemos geração de emprego, mas no RS e em Pelotas tivemos queda. Essas quedas já acontecem há dois anos”, avalia Megiato. O Brasil encerrou o ano com saldo positivo de 142.690 empregos.