Adriana Lampert – JORNAL DO COMERCIO
Na maior parte do comércio gaúcho, as contratações para trabalho temporário focado nas vendas de Natal e cobertura de férias das equipes estão marcadas para iniciar em novembro. A maioria dos lojistas que pretende reforçar a mão de obra dos estabelecimentos deve investir no mesmo número de vagas abertas para período semelhante em 2017. Segundo o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Koch, a estimativa é que sejam criados 15 mil postos temporários para o setor. De acordo com pesquisa realizada pela Fecomércio-RS, as eleições deste ano tiveram pouca influência na decisão deste tipo de contratação: apenas 10,9% dos estabelecimentos participantes do levantamento reduziram a investida, por conta do cenário eleitoral.
Alguns lojistas estão esperando passar a disputa para presidente, para contratar o reforço. “O movimento no comércio em geral está muito ruim, e há um clima tenso no ar. Mas passando as eleições, acredito que vai melhorar. Estamos com o estoque cheio e iremos abrir processo de seleção para temporário em novembro”, comenta a líder no Rio Grande do Sul da loja Pampili, Aracheine Fagundes. Segundo a gestora, o contrato de trabalho deverá ser formalizado em dezembro, com duração de 30 dias, e renovação por mais 60, para a cobertura das férias de verão. “Muita gente que está segurando para não gastar deve voltar a consumir para o Natal, estamos com expectativa de crescimento de 20% (real) frente ao mesmo período do ano passado.” Segundo os resultados da Pesquisa de Temporários 2018 da Fecomércio-RS, as contratações no varejo gaúcho devem aumentar em 33,1% a força de trabalho dos estabelecimentos. Também em comparação com o ano anterior, 54,1% dos estabelecimentos devem contratar a mesma quantidade de funcionários, e 18,9% deles buscarão mais pessoas. Das vagas que estão sendo abertas, 87,8% serão destinadas para as áreas de vendas e comercial e 20,8% para as funções de caixa e crediário. No que se refere ao crescimento de vagas, o Sindilojas-Porto Alegre calcula que na Capital o número de postos temporários cresça 12% em relação ao mesmo período do ano passado. “Mas é preciso lembrar que houve queda de 8% do uso de temporários no final de 2017”, pondera o presidente da entidade, Paulo Kruse.
Ele pontua que o crescimento que se esperava no varejo não aconteceu durante este ano. “A greve dos caminhoneiros e as eleições atrapalharam.” O presidente da Fecomércio-RS lembra que “a contratação de temporários é positiva tanto para o contratante como para quem está sendo contratado. Elas são a porta de entrada para uma vaga efetiva”. Koch, da FCDL-RS, observa que a criação dos novos postos de trabalho reflete a expectativa dos lojistas de ampliar as vendas no final de ano. “Para os trabalhadores, por sua vez, o período representa a chance de voltar ao mercado”, afirma Koch. “No atual momento que o Rio Grande do Sul e o Brasil vivem, as contratações temporárias servem como alento e oportunidade para muitas pessoas”, completa o dirigente da FCDL-RS, lembrando que “nos anos em que a economia estava fortalecida”, cerca de um terço dos temporários acabavam sendo efetivados. O vice-presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sergio Galbinski, comenta que as lojas com mais funcionários “têm que contratar” temporários para suprir as folgas de domingo e as férias que ocorrem em janeiro e fevereiro. “Lojas pequenas vão usar horas extras e os proprietários vão trabalhar nas lojas para cobrir folgas”, observa. Segundo a entidade, este ano a previsão de vagas temporárias entre os estabelecimentos representados é semelhante ao ano passado, com abertura de 5 mil postos no Estado.
Novas regras trabalhistas serão utilizadas com moderação
Segundo a Fecomércio-RS, dos estabelecimentos que absorveram as novas regras da reforma trabalhista, apenas 5,5% devem fazer algum tipo de contratação diferente das realizadas nos anos anteriores: 4,2% irão contratar trabalhadores por regime de contrato intermitente e 1,3% a partir da terceirização. Este é o primeiro ano que muitas empresas vão usar o contrato intermitente. “Iremos apostar em 50% das contratações nestes moldes, mais como experiência”, diz a diretora da rede de lojas Thitãs, Camile Rostro. Das 30 vagas temporárias que a empresa disponibilizará a partir de novembro, 14 serão intermitente.
Indústria puxa alta nas contratações, segundo Asserttem
O aumento da demanda de produção na indústria e de vendas no comércio já movimenta o mercado de contratação temporária no País, segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem). A projeção de alta é influenciada, principalmente, pelas contratações na indústria – em especial as do segmento farmacêutico, alimentar, químico e agroindustrial. A estimativa da entidade é que 434 mil novos postos de trabalho temporário sejam ofertados entre setembro e dezembro de 2018, ante 394 mil empregos originados no mesmo período de 2017. De acordo com a presidente da Asserttem, Michelle Karine, em momentos de incerteza econômica, a contratação temporária representa uma alternativa mais viável às empresas, que precisam ter condições de atender à demanda aquecida, seja no comércio ou na produção de bens e mercadorias na indústria. “Esse tipo de admissão se destaca nesse contexto, pois é a única modalidade de contratação com prazo flexível na legislação trabalhista brasileira, atendendo as necessidades transitórias com maior eficiência.”
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que o Natal deste ano deverá registrar queda nas vendas e na abertura de vagas temporárias. A entidade estima a contratação de 72,7 mil trabalhadores temporários, recuo de 1,7% em relação aos 73,9 mil postos criados em 2017.