Após quase dois anos de tentativas, a Ecovix teve o seu plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça nesta segunda-feira 20. A empresa, que tem mais de 8 bilhões de reais em dívidas e foi uma das envolvidas na Operação Lava Jato, é ligada ao grupo Engevix e controla o Estaleiro Rio Grande, localizado no Sul do País.
“Agora, a empresa vai focar em sua recuperação. Faremos a limpeza do estaleiro, pegar as sucatas das plataformas que não foram entregues e dar andamento para a continuidade da empresa”, diz o advogado Alexandre Faro, do escritório Freire Assis Sakamoto Violante, que participou do processo. Entre as sucatas estão partes da plataforma P-71, da Petrobras.
No fim de junho, a empresa tinha conseguido aprovar o plano com a maior parte dos seus credores. Ao mesmo tempo, no entanto, as estatais Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal não aprovaram o acordo. Juntas, elas possuem cerca de 1 bilhão de reais para receber da Engevix. O fato gerou estranheza nos negociadores. “Tínhamos dado a opção do próprio BB pilotar todo a recuperação, mas eles recusaram”, diz uma fonte com conhecimento do negócio.
As principais atividades do estaleiro eram os reparos em plataformas, atracação de embarcações e movimentação de cargas e processamento de aço para a indústria metal-mecânica. A P-71, uma das maiores plataformas da Petrobras, era uma espécie de cereja do bolo.
Porém, desde o fim de 2016, o estaleiro está praticamente abandonado após a descoberta de irregularidades envolvendo os diretores da Ecovix com os desvios na Petrobras. Na época, o projeto de 10 bilhões de reais, que consistia na construção de oito casos de plataforma, foi cancelado e 3,2 mil de pessoas foram demitidas. A recuperação judicial representou a única saída possível para a empresa ter um futuro. Um ano e oito meses depois, a Ecovix espera conseguir, finalmente, deixar o passado para trás.
VALORES
A hom,ologação feita nesta nesta segunda-feira (20) prevê um plano de recuperação judicial do estaleiro Ecovix, do grupo Engevix, que tinha listado dívidas de cerca de R$ 8 bilhões. A companhia entrou com o pedido de recuperação em dezembro de 2016 depois de ser atingida pelos efeitos das investigações da operação Lava Jato sobre a Petrobras e a Engevix. O estaleiro instalado no Rio Grande do Sul tinha contratos para entrega de 6 a 7 plataformas para a Petrobras, das quais conseguiu entregar quatro, antes da estatal cancelar o restante da encomenda.
“A justiça manteve integralmente o plano de recuperação proposto e fez algumas recomendações… Tem uma série de sucatas, sobras de plataformas que não foram construídas ou entregues. A empresa precisa vender isso antes de voltar a operar”, afirmou o advogado encarregado pelo plano de recuperação da empresa, Alexandre Faro, do escritório Freire, Assis, Sakamoto e Violante.
Segundo Faro, o plano de recuperação envolve um período transitório de dois anos em que a Ecovix vai se focar em atividade portuária e indústria metal mecânica antes de ser vendida para interessados para pagamento dos credores.
Ele afirmou que ainda não há interessados listados na sucata acumulada, que inclui até partes da plataforma P71, que podem ser aproveitadas em uma nova plataforma. “Todo mundo aguardava a homologação do plano. Isso (contatos de interessados) deve acontecer agora”, disse Faro, sem poder estimar de imediato o volume estocado ou o valor da sucata armazenada.