AGRO – DA ZH: APETITE TURCO ALIMENTA VENDA EXTERNA DE GADO VIVO DO RS

    DA ZERO HORA

    No primeiro trimestre do ano, foram embarcados mais de 20 mil animais pelo porto de Rio Grande, volume recorde

    O aumento nos embarques de gado em pé do Rio Grande do Sul nos últimos dois anos, que passou de 9 mil cabeças para mais de 85 mil cabeças, é atribuído à entrada da Turquia no mercado brasileiro. Até então, os turcos compravam bovinos inteiros da Austrália, que ao fazer acordo de livre comércio com a Ásia, reduziu a oferta para exportação.   – Os turcos experimentaram nossa carne e gostaram – diz José Pedro Crespo, diretor da Associação Brasileira de Exportadores de Animais Vivos (Abreav) no Estado.

    Embarcados com no máximo 12 meses, os animais ficam em média seis meses em confinamento na Turquia, para depois serem abatidos.

    Na avaliação de Crespo, há espaço para quadruplicar o volume atual do Estado. A possibilidade de crescimento é baseada na comparação com o vizinho Uruguai, que exporta 400 mil bovinos em pé – e tem rebanho semelhante ao do Estado em tamanho e qualidade. O crescimento pode ocorrer, segundo o dirigente, sem afetar os abates internos. – Do volume total de terneiros nascidos, apenas 6% é exportado – compara o diretor da Abreav.

    Não é o que argumenta a indústria. No começo do ano, o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sicadergs) chegou a pedir intervenção do governo gaúcho para controle das vendas externas. Diretor-executivo da entidade, Zilmar Moussalle sustenta que as exportações prejudicam os frigoríficos, não geram e empregos e não pagam impostos. Além disso, afetam outros setores que dependem da matéria-prima da pecuária – como coureiro-calçadista, farmacêutico e graxarias.  – Não temos como competir com o preço da exportação.

    O consumo está muito baixo, não há espaço para repasse ao consumidor – resume o dirigente, temendo pela demissão de funcionários e até pelo fechamento de plantas, se o movimento continuar ganhando força.

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