Na semana em que o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento apresentou uma rigorosa seleção sobre a qualidade do azeite comercializado no Brasil (veja matéria publicada ontem no Caminhos da Zona Sul), a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI) juntamente com entidades como a EMATER, SEBRAE, SENAR, FARSUL e EMBRAPA, promoveram nesta quinta-feira, 30, Seminário Técnico de Olivicultura. O Seminário também contou com o apoio da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Palestras sobre políticas públicas para o setor, cuidados na instalação de olivais no Rio Grande do Sul e critérios para avaliação de azeites foram os temas desenvolvidos no Seminário.
O engenheiro agrônomo Marcus Martins, auditor fiscal do Ministério da Agricultura em Brasília, apresentou ações de âmbito federal com a cadeia produtiva da olivicultura. Em 2017, foi criada uma Comissão Permanente da Olivicultura Brasileira, com o objetivo de promover o desenvolvimento da produção da cadeia produtiva em todos os aspectos sociais, tecnológicos e econômicos.
“O setor de olivicultura tem muitas demandas e essa comissão está acompanhando tudo. Ao fortalecermos as ações de prevenção a problemas na agricultura, diminuímos os problemas que ocorrem ao final da cadeia produtiva, que podem afetar um produtor ou até mesmo o próprio consumidor”, informou Marcus.
A Comissão está dando encaminhamento a diversas demandas do setor, tais como regulamentação de normas de mudas de oliveiras, registro de agrotóxicos – hoje já existem três produtos -, normas de produção integrada, doenças e zoneamento edafoclimático.
Cuidados com olivais
O engenheiro agrônomo Antônio Conte, coordenador da área de fruticultura da Emater, falou sobre os cuidados na formação de um olival no Rio Grande do Sul. “A oliveira, como toda fruticultura, exige cuidados básicos. Mas quando pensamos em cultivar oliveiras no Rio Grande do Sul, temos que fazer um exercício de lógica, pois não são naturais daqui. Temos que plantá-las em locais semelhantes aos seus ambientes de origem”, destacou.
Conte frisou que as oliveiras precisam de boa exposição solar, principalmente na parte da manhã, pouca incidência de neblina na florada e boa ventilação. O solo deve ser bem drenado e profundo. “A oliveira não tolera umidade, então é preciso ter cuidado para as covas de plantio não virarem poças d’água. Atenção também com o terraceamento, para evitar a retenção de água. Camalhões e terraços, quando bem feitos, ajudam”, alertou.
Avaliação do azeite
A professora Isabel Machado, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), abordou os critérios utilizados na avaliação sensorial do azeite. Oito participantes foram convidados a formar um painel para avaliar duas amostras de azeite, como forma de exemplificar o processo. “O objetivo da análise sensorial é avaliar, pelo aroma e pelo sabor, os defeitos do azeite”, explicou.
Os atributos positivos que podem ser identificados em um azeite são o aroma frutado, que tem que lembrar a oliva, sendo um frutado verde ou maduro. Ao contrário do senso comum, a professora diz que não há como avaliar a acidez de um azeite apenas com a prova sensorial. “Essa acidez não é perceptível ao paladar, refere-se à quantidade do ácido oleico. Quanto maior a acidez, menos o azeite vai durar”, ressaltou. Entre os aspectos negativos, são avaliados se o sabor está atrojado, avinhado, rançoso, mofado, metálico ou se o azeite está com borras.
A amostra é feita em um copo opaco, para que o avaliador não seja influenciado pela cor do azeite, e o copo é aquecido com a mão. “O primeiro teste é olfativo. Depois, na primeira prova gustativa, o óleo deve ser espalhado por toda a boca. Como o vinho, o azeite também pode ter características gustativas e olfativas que nos remetem a madeiras, flores, outros frutos”, ensinou Isabel.