Série “O Rio Grande que dá certo” do jornal Zero Hora destaca Biscoitos Zezé, de Pelotas

    É impossível passar em frente à fábrica da Zezé, em Pelotas, no sul do Estado, e não se inebriar com o cheiro de biscoito caseiro. O pequeno negócio iniciado há 45 anos pelo imigrante português João Maria Ruivo, que assava pães nos fundos de um armazém de secos e molhados, tornou-se uma indústria com mais de 15 mil metros quadrados e produção diária de 20 toneladas de alimentos. Na essência, os filhos e netos de seu Ruivo seguem cultivando o toque familiar da casa da avó, tanto na administração quanto no sabor dos produtos.

    De 1º de março de 1968 até meados dos anos 1980, a mercearia dividiu espaço com a padaria, até que uma das filhas do fundador assumiu o comércio. Os três filhos, José Francisco, João Carlos e Jader, dedicaram-se exclusivamente à produção de biscoitos em pequena escala. Daí em diante, foram feitos investimentos em produção, novos equipamentos e diversificação das linhas. Hoje, os produtos, cuja marca é uma homenagem ao irmão de João Maria, que se chamava José Francisco e tinha o apelido de Zezé, estão em várias seções dos supermercados: além de biscoitos doces e salgados, há macarrão, batata palha e até suco em pó. E não somente no Rio Grande do Sul. A partir da década de 1990, a indústria passou a vender para Santa Catarina e, logo em seguida, ao Paraná. Atualmente, os produtos Zezé estão também no Espírito Santo.

    Em 2014, a empresa busca aperfeiçoamento. O foco está em uma nova linha de biscoitos recheados, cujo lançamento está previsto ainda para o primeiro semestre. Na segunda metade do ano, começarão a ser produzidas bolachas com cobertura, e a linha de aperitivos será ampliada. De acordo com o gerente de planejamento da empresa, Fábio Ruivo, não existe receita para o sucesso:

    – Cresci ouvindo meu pai, José Francisco, falar que qualquer negócio pode ser bom, desde que receba investimento, afeto e dedicação. Mas acho que a Zezé tem particularidades que a ajudaram a crescer. Uma é conseguir industrializar biscoitos, sem que percam a percepção do artesanal. Isso é muito particular.

    O toque “feito em casa” não é obra do acaso. Foi pensado, planejado e, depois, executado, a partir do desenvolvimento das máquinas, da engenharia dos processos e do treinamento da mão de obra – hoje a empresa tem 270 funcionários. Além disso, adiciona um ingrediente impossível de se comprar no mercado: a autenticidade.

    – É o nosso jeito de fazer que, em um cenário tão disputado, dá mais valor aos nossos produtos. E esse nosso estilo inclui também a valorização das pessoas. Meu pai e meus tios sempre estiveram muito próximos de todos os colaboradores e sempre nos transmitiram esse fundamento. É um orgulho termos funcionários com mais de 20, 30, 40 anos de empresa. É um carinho que também faz diferença – avalia Ruivo.

    Perfil
    – Fundação: 1968
    – Localização: Pelotas
    – Número de funcionários: 270
    – Principais produtos: biscoitos, massas, snacks e refrescos em pó
    – Faturamento em 2013: não informado.
    – Faturamento previsto para 2014: crescimento de 15%
    – Exportações: Uruguai
    – Principais destinos: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo

    Gerir um negócio familiar dá frutos, diz o gerente de planejamento, Fábio Ruivo, mas também requer cuidados:

    – É uma tarefa difícil e exige muita responsabilidade. Contornar e resolver problemas familiares torna ainda mais complicada a gestão do negócio. Em contrapartida, a Zezé tem cultura própria, que se torna um diferencial competitivo principalmente ao enfrentar situações turbulentas.

    Ruivo afirma isso com a propriedade de quem praticamente nasceu dentro da fábrica. Os pais e avós emprestaram seus valores para que o negócio prosperasse: trabalho, dedicação e valorização de pessoas acabaram levando à preocupação com a qualidade de produtos e serviços e com solidez financeira. O desafio, segundo Ruivo, é crescer mantendo a identidade e evitar conflitos comuns a qualquer família. É natural, também, que os herdeiros sejam “jogados dentro da empresa”, como diz Ruivo. Mas a Zezé prefere que não seja por conforto ou facilidade:

    – Na terceira geração, da qual meu filho, por exemplo, faz parte, não podemos influenciar. Pelo contrário: devemos exigir provas consistentes de que a entrada na empresa é um desejo acertado e planejado.

    Fonte: Luísa Martins – Jornal Zero Hora

    Fábio Ruivo –  Foto: Rafael Takaki / Especial para ZH

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