Trabalhadores do parque eólico Corredor do Senandes pararam atividades na terça-feira, 4. E nesta quarta, 5, não chegaram a sair do alojamento, localizado na Vila Nova (proximidade da Vila da Quinta). Os 330 funcionários, dos quais mais de 99% são do Nordeste, e destes, mais de 90% do Piauí, reclamam das condições e não cumprimento do contrato de trabalho.
Com medo de demissão, nenhum deles quer se identificar. Mas, asseguram que a empresa não cumpre com o contrato. “Quando vão nos contratar é uma coisa. Quando chegamos aqui, a realidade é bem outra”, dizem. Eles reivindicam também o pagamento das horas que perdem no transporte até o parque e de volta ao alojamento. “São três horas que ficamos dentro de um ônibus todos os dias. E nossa hora só conta depois que entramos no parque e na saída. Horas essas que estamos perdendo diariamente”. Eles querem um ponto na saída e na entrada do alojamento.
E quanto a horas trabalhadas e extras, reclamam que a empresa não tem relógio ponto e não são eles que marcam suas horas. “A gente assina o nome, mas não colocamos o horário na folha. Eu fiz 70 horas extras neste mês e só pagaram 38. Comeram 32 horas do meu trabalho”, ressaltou outro. Contaram ainda que na paralisação de terça-feira, pararam no canteiro de obras. Mas, ontem, nenhum dos ônibus de transporte apareceu. “Não conseguimos ir até o local do nosso trabalho porque nenhum ônibus veio nos buscar”, salientam.
Também reivindicam a “baixada”, que é a ida para casa de 90 em 90 dias. “Aqui não deixam antes de seis meses. E só conseguimos 10 dias. Imagine, são quatro dias de viagem de ida e quatro de volta. São dois dias em casa. E nós que temos que pagar nossa passagem”. Relatam que aos sábados trabalham e recebem como em dia normal. “Eles pagam só até as 12h. E se um de nós se recusar a trabalhar, descontam três dias do nosso salário”, frisa outro trabalhador.
Os trabalhadores pedem ainda que a empresa Seta Engenharia forneça, assim como as demais empresas neste ramo, vale-refeição, plano de saúde e vale transporte. “Não temos nada disso”. Outra reclamação é que recebem apenas uma refeição em 10 horas. “Só recebemos o almoço, que vem frio dentro do marmitex, e pelo qual pagamos. Depois disso não temos mais nada para comer. Ficávamos assim até depois das 22h, quando conseguimos chegar até o alojamento”, informam.
Representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil Pesada vieram no final da tarde de ontem, 5, para começar a intermediar a negociação com a categoria e a empresa. Mas, os trabalhadores, na manhã de ontem, insatisfeitos pela demora dos representantes, exigiam a presença imediata do sindicato. “Descontar do nosso salário eles sabem, mas aparecer para ajudar a gente, nem pensar”, disseram.
A empresa Seta Engenharia, responsável pelas obras civis do Complexo Eólico Corredor do Senandes, em Rio Grande (RS), confirma que, na quarta-feira (05/06), um grupo de trabalhadores paralisou suas atividades no canteiro de obras.
A empresa mantém contato permanente com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Rio Grande do Sul (SITICEPOT) – e que haveria uma reunião do presidente da entidade com os trabalhadores com o objetivo de avaliar as reivindicações que estão sendo feitas pelos trabalhadores.
A Seta Engenharia informa ainda que cumpre rigorosamente a legislação trabalhista em vigor, mantém um diálogo aberto com seus funcionários e concentra todos os esforços para que as atividades sejam integralmente retomadas.
Fonte: Anete Poll – Jornal Agora
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