Destaque da vitivinicultura e detentor do maior rebanho ovino da Zona Sul do Estado, o município de Pinheiro Machado em breve também será reconhecido como polo nacional na produção de azeite de oliva. Há cerca de um mês, a cidade conta com um projeto que resultará na construção de uma unidade de processamento de azeite. A única empresa com produção industrial no país, com meta de produzir 150 mil quilos de azeitona por dia que resultarão em cerca de 30 mil litros diários de azeite. Uma quantidade significativa se comparada aos números apresentados pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) do RS, que aponta para uma área plantada de 500 hectares que resultaram em uma produção de apenas 130 mil quilos de azeitonas no Estado em 2012.
O objetivo dos empresários da Olivarium Indústria de Azeite Ltda é garantir que o Brasil, atualmente sétimo maior produtor de azeitonas, porém, segundo maior importador de azeite do mundo, não dependa mais da importação do produto, atividade esta que apresenta crescimento anual. Outro ponto favorável ao empreendimento é seu benefício econômico à região. Conforme os responsáveis pela Olivarium, que buscam produtores interessados em firmar parcerias no plantio das oliveiras, o rendimento mínimo por hectare será de R$ 5 mil ao ano podendo, inclusive, chegar a valores “bastante superiores”.
O local, situado às margens da BR-293, no quilômetro 110, contará com uma área de 28 mil metros quadrados, incluindo viveiro de estufas às mudas, área de plantio e setor industrial. De acordo com o diretor geral da empresa, o espanhol Pedro Arrufat, a escolha da região se deu após um ano e meio de estudos, em decorrência do clima, do solo, da altitude, dos índices pluviométricos e da posição geográfica, que permitem as condições ideias de desenvolvimento das plantas. “O clima é muito semelhante ao encontrado na Europa, a terra é mais fraca, ótima para isto, e o local facilita a logística de produção e escoamento do produto”, explica Arrufat.
As estimativas apontam que a área das estufas devem estar concluídas em cerca de três meses, enquanto a indústria deverá ser terminada em dois anos. Quanto ao plantio das um milhão de mudas, este será realizado em março, considerado o período mais indicado para tal atividade. Já a colheita está prevista para daqui a dois anos e meio. “Em cinco anos, teremos um investimento de R$ 100 milhões. Destes, R$ 60 milhões por parte da empresa e o restante por parte dos produtores”, adianta o diretor administrativo, Jorge Furtado.
Segundo o diretor geral, todo o azeite consumido no Brasil é importado. Arrufat apresenta dados que apontam à importação de 54 mil toneladas do produto em 2010, 68 mil toneladas em 2011 e uma estimativa de importação de 100 mil toneladas de azeite em 2012. “Vamos fazer azeite no Brasil e para o Brasil, é um excelente mercado”, afirma, ao apresentar estatísticas de produtividade. Conforme o coordenador da Câmara Setorial da Olivicultura da Seapa do Programa de Oliveiras do Estado, Jorge Hoffmann, o Brasil é o segundo maior importador de azeito do mundo e em 2010 precisou desembolsar cerca de 250 milhões de dólares à aquisição do produto.
Conforme Furtado, até o momento cerca de 30 produtores da região já demonstraram interesse em investir na atividade. O objetivo é arrecadar ainda mais parceiros. “O número de produtores é ilimitado. A indústria é ilimitada. Um negócio de capacidade ilimitada. Quanto mais produtor, melhor”, simplifica Arrufat.
O governo do Estado também é parceiro do empreendimento e já trabalha na criação de alternativas que visem à disponibilização de financiamentos a produtores interessados na alternativa. Na última sexta-feira, Arrufat e Furtado estiveram reunidos em Bagé com o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, para discutir alternativas viáveis. “Uma ótima fonte de renda extra aos produtores”, opina Furtado.
O empreendimento da Olivarium é o maior destaque da olivicultura estadual. Quanto a insto, não há quem discorde. Mas outras regiões do RS também estão focadas no fortalecimento da cultura. De acordo com o coordenador da Câmara Setorial da Olivicultura da Seapa do Programa de Oliveiras do Estado, existe uma série de ações, vindas de todos os setores relacionados à agricultura, que buscam este mesmo objetivo. “A Seapa já trabalha nisto desde 2000, formamos um grupo técnico em 2009. A Emater, a Embrapa, a Seapa e as prefeituras de municípios que já investem no plantio de oliveira estão todos unidos pela instalação da cadeia”, afirma, ao destacar a primeira abertura oficial da colheita de azeitonas, realizada em abril deste ano em Cachoeira do Sul. “Onde tivemos alta produção, mais de 40 quilos por planta. Excepcional.” avalia.
Fonte: Jornal Diário Popular – 24/06/2012