Prejuízo por interrupção de atividades devido a fatores climáticos afeta donos de carga e armadores
Ocálculo das perdas de proprietários de cargas ou armadores (empresas responsáveis pelo transporte) é estimado pelo Sindicato das Agências de Navegação (Sindanave). Pela diferença no movimento do porto conforme a época do ano, é impossível precisar o prejuízo de um dia sem atividades. Em períodos de safra de grãos, por exemplo, há mais navios. Fora dessa temporada, a frequência diminui.
Assim, o cálculo é feito com base no número de embarcações que passam no porto por ano, estimando que de oito a 10 navios operem nas águas gaúchas a cada dia. Pela variedade de cargas, precisar o custo de uma embarcação parada fica ainda mais difícil. Mesmo assim, a perda de cada dia de navio inativo é estimada entre R$ 70 e R$ 80 mil. Contados 76 dias, o prejuízo de armadores e proprietários de carga passaria de R$ 20 milhões.
– Dependendo do material que deveria ser descarregado, qualquer atraso causa uma reação em cadeia, que aumentaria ainda mais esse valor – comenta o presidente do Sindanave, Eduardo Adamczyk.
Mesmo com os eventuais problemas, porém, o porto gaúcho segue como melhor destino para carga e descarga, na opinião de Adamczyk. Eventuais fechamentos são compensados por calado, armazéns e velocidade de operações, condições que o dirigente considera melhores do que as de Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Essas condições garantem a Rio Grande o posto de segundo mais importante em cargas do Brasil.
– Seria necessário que o porto investisse em estruturas mais modernas para evitar cancelamentos de operações. Há boias inteligentes, que sinalizam o canal e garantem a navegabilidade, por exemplo. É preciso garantir operações 24 horas por dia. Assim, o porto seria altamente competitivo – adverte Adamczyk.
O que atrapalha a operação |
Como as condições climáticas interferem na atividade portuária: |
– Não há medida oficial que determine condições para fechar o porto. |
– Por acordo entre a praticagem (serviço de auxílio ao navegante, especialmente em áreas onde há dificuldades para o trânsito de navios) e a Marinha, três condições podem causar a interrupção das atividades: |
Ventos acima de 55km/h |
Ondas acima de 3 metros |
Visibilidade inferior a 450 metros |
– A combinação desses fatores ou até um isolado, conforme as condições climáticas, tira as condições mínimas de segurança na navegação. |
– De acordo com a praticagem, responsável também pelo monitoramento dessas condições, realizado na entrada do porto, Rio Grande tem uma vantagem em relação aos demais portos brasileiros: justamente por não ter uma lei que estabeleça as condições de navegação e ser regido por um acordo entre praticagem e Marinha, é possível, para os práticos, conduzir navios mesmo que os parâmetros preestabelecidos de vento, ondas e visibilidade não estejam adequados. |
– Assim, algumas embarcações podem entrar, sair, carregar ou descarregar de acordo com seu formato, peso ou carga mesmo que haja rajadas de vento, correnteza forte ou baixa visibilidade. |
Sistema promete reduzir o transtorno
O objetivo é atacar diretamente o congestionamento de navios nos portos brasileiros e as dificuldades relacionadas à entrada e saída de embarcações e cargas pelo mar. No ano passado, a Unisys finalizou os trabalhos do projeto Carga Inteligente, que oferecerá monitoramento e aumentará a segurança do transporte.
Será possível, com esse procedimento, reduzir o tempo de espera dos navios que estão fora dos portos, além de integrar os departamentos responsáveis pelo monitoramento dos navios e facilitar a troca de informações, levando a uma navegação segura. Tudo isso será realizado por um sistema de radar e Identificação Automática (AIS), responsável por realizar toda a varredura no porto. Salvador (BA), Rio de Janeiro e Itaguaí (RJ) também serão contemplados.
Em 2012, até o momento o tempo tem ajudado. Foram apenas cinco dias de paralisação, sendo quatro por baixa visibilidade e uma por ondas grandes e ventos fortes. Pela posição geográfica, Rio Grande é mais suscetível a intempéries do que os demais portos brasileiros. Como está em uma zona sub-tropical, fica mais sujeito à exposição de ventos fortes, chuva intensa (que diminui a visibilidade) e aumento da força da correnteza.