FEIRA DO AZEITE GAÚCHO COMPLETA CINCO ANOS

    A Feira oferece seis variedades de azeites: Arbequina,  Arbosana, Koroneiki, Picual, Coratina e Manzanilla. Foto: Divulgação/Seapi

    Há cinco anos, apreciadores de azeite de oliva extravirgem têm um local para comprar produtos de qualidade, diretamente de olivicultores do Rio Grande do Sul: no pátio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). É a Feira do Azeite Gaúcho, que ocorre durante dois sábados por mês e que fez aniversário no final de abril, porém a comemoração, devido às enchentes de maio, ocorrerá no próximo sábado (6/7), com direito a um bolo (com azeite por cima) e música a partir das 10h. A parceria entre a Seapi (por meio do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura – Pró-Oliva) e o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) iniciou em 2019 com 12 participantes e hoje são 16 produtores de 11 municípios. O horário é das 8h às 12h. Frequentam o espaço, por mês, mais de 200 pessoas.

    A Feira oferece seis variedades de azeites: Arbequina,  Arbosana, Koroneiki, Picual, Coratina e Manzanilla, além dos blends (mistura de dois ou mais azeites elaborados com diferentes variedades de olivas), disponíveis para degustação também. Ainda podem ser encontrados azeitonas em conserva e produtos derivados do azeite como sais de banho, shampoo e condicionador para cabelos, além de facas e artesanatos feitos com madeira das oliveiras e extrato das folhas das árvores, entre outros.

    “Em 2019, tomando como modelo feiras de produtores de azeite em outros países, houve uma proposta da Secretaria da Agricultura, através do Pró-Oliva, ao Ibraoliva para realizar uma experiência, o que acabou se consolidando na Feira do Azeite Gaúcho”, conta o coordenador da Câmara Setorial das Oliveiras da Seapi, Paulo Lipp João.

    Conforme Lipp, a cadeia olivícola teve uma expansão crescente nos 15 últimos anos graças ao empreendedorismo de produtores no Estado. “Com o desenvolvimento do Pró-Oliva na Seapi, intensificaram-se a cooperação e as ações envolvendo instituições estaduais, federais, municipais e a iniciativa privada”, destaca. “Em 2017, com a criação do Ibraoliva, os olivicultores se organizaram institucionalmente, e a Feira é um dos resultados desse avanço”.

    Lipp acrescenta que o espaço, além de um local de venda, também tem sido uma oportunidade para o compartilhamento de experiências entre os próprios olivicultores. “Por outro lado, aproxima os consumidores dos produtores, possibilitando conhecer o trabalho nos olivais, a colheita da oliveira e a fabricação do azeite extravirgem”.

    Essa aproximação é uma das vantagens da Feira apontada pela frequentadora assídua, jornalista e estudante de Psicologia Laura Medina. Ela morava no bairro Menino Deus antigamente e já comprava na feira ecológica. Começou a frequentar a Feira do Azeite Gaúcho desde seu início, em 2019. “Para mim, é valioso estar próxima dos produtores. Eles dão aula sobre a qualidade, as diferenças entre cada variedade de azeite. É um mundo de conhecimento”, define. “Passei a saber mais sobre a qualidade e a diversidade dos azeites extravirgem gaúchos e a consumi-los”, pontua.

    “Antes eu comprava de outros países como Itália, Grécia, Espanha. Então, vi que aqui tínhamos algo muito bom e com o diferencial de estarmos mais próximos da safra do ano, o que não acontecia com os azeites estrangeiros e, portanto, termos um azeite mais novo com sua potência máxima”, destaca Laura.

    Ela salienta ainda que já sabia sobre os benefícios do azeite de oliva devido à sua atuação como jornalista durante 20 anos na área da saúde e bem-estar. “São antioxidantes, anti-inflamatórios, entre outras propriedades que possuem. E isso também me fez ser uma consumidora”.

    Hoje morando no bairro Santo Antônio, Laura nunca deixa de ir à Feira. “Também acho importante apoiar e incentivar a produção do nosso Estado e a permanência da Feira na Secretaria da Agricultura”.

    Outro que frequenta a Feira do Azeite Gaúcho desde o começo é o médico aposentado Clóvis Câmara Zimmer, junto com a esposa Rita. “O primeiro contato que tivemos com a Feira foi fundamental para que aprimorássemos nossos conhecimentos sobre azeite de oliva e principalmente pudéssemos experimentar as diversas variedades ofertadas por seus produtores”, relembra.

    “Foi uma experiência maravilhosa. Não só pelos conhecimentos adquiridos e pela experiência realizada, mas pelo contato direto com o produtor. Encontramos profissionais das mais diversas áreas que resolveram se embrenhar nessa tarefa de buscar o líquido precioso através das oliveiras”, comenta Zimmer.

    “E é impressionante verificar a paixão de cada produtor ao apresentar seu produto. O que se renova safra a safra, melhorando suas características. Estão todos de parabéns. Não é à toa que hoje o azeite de oliva extravirgem gaúcho tem uma expressão internacional, com vários prêmios conquistados”, acrescenta Zimmer. “Isso nos orgulha e traz uma satisfação muito grande como consumidores. E participando desse processo entre os produtores, encontramos verdadeiros amigos”.

    Zimmer conta ainda que a partir da Feira, ele e a esposa procuraram alguns olivais para conhecer a produção de perto. “Visitamos olivais e aprendemos sobre a cultura, o que renovou nossa paixão pelo azeite. Somos gratos pela iniciativa de criarem a Feira e esperamos que ela continue por muito tempo nos brindando com essa maravilha da natureza”.

    O presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, afirmou que, neste quinto aniversário da Feira, o Instituto vê com muita satisfação sua consolidação, apesar das dificuldades enfrentadas, como a da epidemia de Covid-19. “A partir de 2020, o evento ficou suspenso um bom tempo, depois retornou com restrições e, desde final de 2022, estabeleceu-se como uma feira para as pessoas consumirem diretamente do produtor, conhecendo sobre a cultura. Isso traz valor ao nosso produto e esperança para avançarmos de forma firme e constante em relação à solidificação da olivicultura nacional. Obrigado pela parceria com a Secretaria da Agricultura e que ela continue por muitos anos”.

    Olivicultores

    Uma feirante é Maria Cristina Rodrigues da Cunha, da Casa Gabriel Rodrigues, de São Gabriel. A empresa familiar existe desde 2019, quando teve a primeira safra comercial. Cultiva oliveiras e produz azeite de oliva extravirgem e uma linha completa de derivados. Também possui lagar próprio.

    “A Feira é muito importante. Tenho uma enorme satisfação de participar e compartilhar conhecimento com todos os clientes”, afirma Maria Cristina. Desde que ela começou a participar, triplicou o número de clientes cativos e não cativos. “É um público inteligente e interessado, que quer conhecer, valoriza a qualidade. É muito gratificante. Eu amo estar na Feira”, diz com satisfação.

    Outra produtora é Neuza Borges, do Azeite Acendra, de Mariana Pimentel. Ela conta que o olival iniciou em 2017, e a primeira safra foi em 2022, quando começaram na Feira. “Temos o Blend premiado , medalha de ouro em Nova York em 2023; além das variedades Arbequina,  Koroneik e o Blend edição limitada Reserva de Família”, relata. “A participação na Feira é extremamente gratificante, pois oportuniza o contato direto com nosso consumidor, facilitando a divulgação da nossa marca e proporcionando ao consumidor degustar e conhecer nosso produto”.

    Dados

    Segundo dados da Seapi, o Rio Grande do Sul é o maior produtor de azeite de oliva do Brasil, concentrando 80% da produção nacional. São mais de seis mil hectares de área plantada. A maior parte dos olivais está na Metade Sul do Estado, onde as condições climáticas e do solo favorecem o cultivo.

    Já a indústria do azeite de oliva gaúcho conta com 25 fábricas e 100 rótulos, muitos deles premiados internacionalmente.

    Texto: Darlene Silveira

    Foto: Divulgação/Seapi

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