Concessionária aderiu a tecnologia que permite utilizar o material removido das rodovias em novas obras de pavimento, gerando impactantes ganhos em sustentabilidade
A inovação aliada à sustentabilidade fez surgir um projeto inédito entre as concessionárias de rodovias do país. A Ecosul transformou o material fresado (RAP), removido das rodovias, em um importante componente para as misturas asfálticas que são usadas nas novas obras de conservação do Polo Rodoviário Pelotas. “Em vez de descartar um material que já foi pavimento, o reutilizamos, gerando impactantes ganhos ambientais”, destaca o gerente de engenharia da concessionária, Jean Rodrigues. Ele está à frente do projeto-piloto que na próxima semana será apresentada à Coordenadoria de Inovações do Grupo Ecorodovias.
Para compreender a abrangência da iniciativa é preciso entender a “receita” de produção do asfalto. Nela, é utilizada uma combinação de materiais virgens, como por exemplo a brita – extraída de pedreiras, pó de pedra, materiais minerais, entre outros componentes que misturados ao ligante asfáltico proveniente do petróleo – recurso não renovável, formam o concreto asfáltico (CAUQ – Concreto Asfáltico Usinado a Quente). No projeto da concessionária o material retirado da rodovia, chamado popularmente de “fresado”, é classificado para que possa se somar a estes componentes.
Obedecendo à qualidade e aos padrões técnicos necessários, passa a ser componente da mistura asfáltica. “Conseguimos com isso reutilizar um material que não tinha uso nobre e depois de beneficiado volta para pista em forma de asfalto novo”, resume Jean. Desde o começo dos testes, em novembro de 2020, a empresa deixou de utilizar 26 mil toneladas de material pétreo nas obras de recuperação das rodovias. “Isso é literalmente deixar de extrair da natureza esse material, ou seja, um ganho gigantesco na cadeia de redução de emissão de gases pelo transporte de materiais, extração de pedras, em toda a pegada ecológica”, afirma. Segundo dados do Setor de Engenharia, isso se traduz em aproximadamente 1,2 mil caminhões caçambas carregadas de pedra, em sua capacidade máxima.
SUSTENTABILIDADE – Os resultados ambientais trazem comprovadamente benefícios de grande relevância, como a redução entre 15% e 25% de material pétreo virgem, na mistura asfáltica. Nesta linha também está a redução de até 20% no consumo do ligante asfáltico, diminuindo a utilização de materiais derivados de petróleo, de maneira a minimizar a presença de materiais não renováveis. Por fim, a redução dos depósitos de materiais inertes, porque todo “fresado” retirado das estradas necessariamente precisava ser acondicionado em algum espaço.
BOAS PRÁTICAS – Esta iniciativa é amplamente divulgada no exterior, principalmente na Holanda e no Japão. No Brasil está ganhando terreno aos poucos e no Grupo EcoRodovias, a Ecosul é pioneira na prática. “A ideia é que a partir da apresentação corporativa, as demais concessionárias do grupo possam utilizar a tecnologia”, informa Jean. O ineditismo do projeto caminha em sintonia com as práticas de ESG (Environmental, Social and Governance), referentes às melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio. “O Grupo Ecorodovias investe mais uma vez em soluções inovadoras e sustentáveis que vem ao encontro destas evoluções ambientais e sociais”, finaliza.
GRUPO – Referência em infraestrutura rodoviária no país, a EcoRodovias administra dez concessões de rodovias, somando mais de 3 mil quilômetros de extensão em oito estados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A Ecosul é uma delas, responsável por 457,3 quilômetros de extensão, composto pelas rodovias BR-116 – entre Camaquã, Pelotas e Jaguarão e BR-392 entre as cidades de Rio Grande, Pelotas e Santana da Boa Vista.