Depois de um tombo monumental no segundo trimestre do ano, efeito dos danos da largada da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul no terceiro trimestre dá um respiro entre alívio e expectativa para o fechamento do ano e a transferência de efeitos da estiagem e da Covid-19 para 2021. De julho a setembro, O PIB trimestral teve alta de 12,9% em relação ao trimestre anterior, de abril a junho, quando o indicador caiu 13,7% também no confronto com o primeiro trimestre – ante o mesmo segundo trimestre de 2019, a queda bateu em 17,1%. Os números foram divulgados no começo da tarde pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), que sucedeu a extinta Fundação de Economia e Estatística (FEE). O DEE é um braço da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, o desempenho mostra danos da crise sanitária e ainda das perdas em culturas de verão. O PIB teve queda de 4,1%. Devido à pandemia, a análise considerando a relação com o segundo trimestre é decisiva, considerando as condições para a atividade econômica. O Rio Grande do Sul tem números melhores que os do Brasil, que teve alta de 7,7% em relação ao segundo trimestre. Mas no confronto com 2019, a economia gaúcha foi pior. O Brasil caiu 3,9%. No acumulado de janeiro a setembro de 2020, a queda no PIB do RS chega a 8,6%, contra -5% do Brasil. “Os números do trimestre mostram uma importante recuperação em relação ao período mais crítico da pandemia, que aqui no Estado coincidiu também com a estiagem. Podemos dizer, no entanto, que é uma recuperação relativa, pois ainda não chegamos ao mesmo patamar em que estávamos ao longo de 2019”, avalia o pesquisador do DEE/SPGG, Martinho Lazzari.
Na base de comparação, os três segmentos que compõem o cálculo apresentaram altas. Mesmo sendo um período de menor movimentação nas atividades ligadas ao campo, a agropecuária cresceu 39,8% no trimestre, seguida da alta na indústria (19,7%) e nos serviços (4,2%). Com exceção do setor de serviços, o Estado teve desempenho superior ao do País. A principal diferença ocorreu na Agropecuária, onde o Brasil registrou queda de 0,5% no período. Na Indústria, as altas ficaram mais próximas, ainda com vantagem para o Estado (19,7% contra 14,8% do país). Apenas nos Serviços o Brasil registrou melhor desempenho (6,3% do país contra 4,2% do RS). Entre as atividades da indústria, o maior destaque no período foi para o segmento de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com alta de 44,1%, seguida da Indústria de transformação (20,0%) e da construção civil (4,3%). Nos serviços, houve expansão em seis das sete atividades, puxadas pelo comércio (6,9%) e por outros serviços (6,4%).
Em relação ao mesmo período do ano anterior, o desempenho do Rio Grande do Sul ficou pouco abaixo no nacional (-4,1% contra -3,9%). Entre as grandes atividades, todas tiveram taxas negativas no Estado, puxadas pelos Serviços (-5,8%), Agropecuária (-4,1%) e Indústria (-1,2%). No Agro, as principais culturas do Estado, soja (-39,0%) e milho (-26,7%), apresentaram redução de produção, enquanto o trigo teve leve alta (0,6%). Na Indústria, das quatro atividades, três tiveram variação negativa: Construção (-9,2%), Indústria de transformação (-0,8%) e Indústria extrativa mineral (-1,3%), Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou crescimento de 11,2%. De maior peso no índice, a Indústria de transformação teve o desempenho negativo puxado pelas atividades de Couros e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-38,2%) e Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,9%). Na outra ponta, a indústria de Produtos do fumo (+28,2%), Produtos de metal (+19,0%) e Borracha e plástico (+12,1%).
Nos Serviços, a queda de 5,8% foi construída pela forte redução nas atividades de Outros Serviços (-13,7%), segmento que abrange o setor de eventos, além das quedas na Administração, educação e saúde públicas (-4,5%) e no Comércio (-4,8%). Entre as atividades comerciais, Hiper e supermercados (+9,3%), Material de construção (+22,7%) e Móveis e eletrodomésticos (+10,9%) foram os principais destaques positivos, enquanto os setores de Tecidos, vestuário e calçados (-32,8%), Veículos automotores (-12,3%), e Livros, jornais, revistas e papelaria (-36,6%) tiveram baixa.