Sensibilizados com os efeitos que o contingenciamento de verba anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) deve causar na região, os prefeitos da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) encaminharão um documento à bancada federal para que os parlamentares se posicionem contra os cortes na área. O presidente da entidade Mauro Nolasco, prefeito de Capão do Leão, anunciou o encaminhamento durante a reunião extraordinária promovida ontem (14), em Pelotas, chamando atenção que caso as medidas não sejam revistas nos próximos dias os impactos serão sentidos em todos as localidades afetando atendimentos nas áreas de saúde e nas demais atividades de extensã o desenvolvidas pelos organizações de ensino.
“Em nome da Azonasul, que sempre é pioneira no encaminhamento de debates e em seus posicionamentos, nós vamos encaminhar um documento aos nossos deputados federais e senadores para que possam cobrar isso do Governo Federal. A gente sabe que existem outras discussões, como a Reforma da Previdência, mas os nossos congressistas não podem deixar de levar em consideração todo esse debate”, defendeu o prefeito de Jaguarão, Fávio Telis.
Durante os pronunciamentos, os dirigentes de instituições de ensino na região apresentaram o panorama sobre a atual situação das instituições. A reitora da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), Cleuza Dias, demonstrou preocupação, não apenas pelo contingenciamento, que já afeta o planejamento de uma série de obras e ações importantes, mas também pelo bloqueio de mais 30% do orçamento. A maior parte dos recursos, destacou a reitora, são para despesas fixas, com pessoal e assistência estudantil.
O cenário na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) também é desastroso, segundo o vice-reitor, Luis Isaías Centeno do Amaral, o corte inviabiliza o funcionamento da instituição. “Há muitos anos estamos escolhendo qual conta pagar”, disse. Amaral. Ele também lembrou que a UFPEL é responsável hoje por diversas pesquisas de ponta no Brasil, possuindo, por exemplo, um dos principais programas de biotecnologia do País, bem como é um dos principais centros de estudos sobre o tratamento do câncer. Também é pioneira, na área de Medicina Veterinária, em estudos de ultrassom para equinos. Na Agronomia, desenvolve pesquisas para qualificar as produções de arroz e soja.
Outra preocupação dos prefeitos é de que o bloqueio no orçamento do MEC atinja o ensino básico, uma vez que existem projetos desenvolvidos por bolsistas em escolas públicas. A possibilidade de extinção do Fundo de Educação Básica (Fundeb), anunciada pelo governo federal para 2020, também se tornou um pesadelo para muitas prefeituras, sobretudo as de pequeno porte, pois o repasse é a principal fonte para o pagamento dos servidores na educação. Os gestores não descartam o fechamento de escolas, cenário oposto ao objetivo do Fundeb.
“A gente analisa que isso vai agravar mais ainda a condição da educação do nosso país. É lamentável a postura de polarização adotada pelo governo frente a um tema estruturante como este, um erro estratégico esse corte”, pontuo o presidente Nolasco.
PARTICIPAÇÕES – A maioria das prefeituras da Azonasul esteve representada na reunião que foi acompanhada pelos representantes das instituições federais de ensino: UFPel; Furg; Unipampa e do InstitutoFederal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul Rio Grandense (IFSul). Alguns prefeitos estarão em Brasília no dia 22 de maio para acompanhar o movimento nacional das instituições de ensino.
PARALISAÇÃO HOJE (15) – Algumas secretarias de Educação da região devem suspender as aulas durante esta quarta-feira em sinal de protesto pelos cortes. Até o início da tarde, a Azonasul apurou que Arroio do Padre, Capão do Leão e Canguçu (durante o turno da tarde) não contarão com escolas em funcionamento.