JORNAL DO COMERCIO – Patrícia Comunello
O Exército começou a fazer o asfaltamento de trechos da duplicação da BR-116. A corporação assumiu a execução dos lotes um e dois, que ficam mais próximos de Porto Alegre. O lote um está com obras paradas desde agosto de 2016, e o lote dois, desde janeiro de 2017. A previsão é de concluir 20 quilômetros do traçado até dezembro que ficam em Barra do Ribeiro, confirmou o comandante do 1º Batalhão Ferroviário de Lages, o tenente-coronel Cleber Machado Arruda. A unidade militar de Santa Catarina é responsável pela obra. No total, o Exército Brasileiro (EB) executará 50,8 quilômetros entre Guaíba e Tapes.
Os 20 quilômetros a serem entregues até dezembro compreenderão os km 314 e 334 (pegando parte do lote um e outra do lote dois). A boa notícia é que, em maio, o EB quer liberar para o tráfego os primeiros cinco quilômetros asfaltados. O lote um vai do km 300 ao 325, e o lote dois, do km 325 ao 351. O traçado ainda tem construção de três novas pontes e dois viadutos. Depois de testes de compactação da massa asfáltica na semana passada, os militares do batalhão que estão mobilizados para a Operação Guaíba, como é chamada a intervenção de construção rodoviária, entram esta semana na fase mais robusta da pavimentação da estrada, importante ligação da Região Metropolitana e Nordeste com o Sul gaúcho. Arruda diz que a intenção é começar a colocação de maior volume de asfalto. “Serão em média 400 toneladas de asfalto a serem colocadas”, dimensiona o comandante. Arruda lembra que a condição do tempo será decisiva para manter o ritmo da obra. As pistas do traçado têm largura de 10,7 metros.
Acordo entre EB e Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) definiu que a organização militar, com sede na cidade de Santa Catarina, concluirá os dois lotes. O Exército assumiu a tarefa após o consórcio Constran S.A., do grupo UTC, licitado para a obra, entrar em recuperação judicial e não apresentar as garantias necessárias para a continuidade. A duplicação do trecho Sul da BR-116, que soma 211,22 quilômetros, começou em 2012 e deveria ter terminado em 2015. A falta de verbas federais, no entanto, paralisou as obras em diversos momentos. O valor total da execução é de R$ 1,6 bilhão. Cinco dos dez lotes estão com execução em andamento, de acordo com o Dnit. A corporação militar receberá R$ 207 milhões em três anos de obras. Até fevereiro, o repasse somou R$ 20 milhões. Para poder receber mais recursos, o EB terá de apresentar relatório do uso da verba. “Com o EB funciona diferente das construtores.
Recebemos e comprovamos a aplicação para depois receber mais”, descreve o comandante. A previsão é de que mais R$ 10 milhões sejam liberados em abril. A estimativa é de R$ 50 milhões ao longo de 2019. Agora já são 90 militares no destacamento. Até o fim de março, o número subirá a 110. O número deve alcançar até 250 quando a obra atingir o pico da execução. O EB monta toda a estrutura para manter o efetivo no local, desde cozinhas, alojamentos e equipamentos para os trabalhos. Os primeiros volume de massa asfáltica foram compradas de fornecedores, mas nos próximos meses, o batalhão vai montar a sua própria usina para fazer a principal matéria-prima. Arruda esclarece que fazer a britagem e usinagem reduz em 30% da matéria-prima. Na primeira semana, as equipes se dedicaram a fazer ensaios de laboratório para controle tecnológico da massa asfáltica. Este tipo de procedimento é acompanhado por técnicos e fiscais do Dnit. “Os testes servem para verificar se a massa atingiu índice a compactação esperada, de 100% ou próximo disso, e se a espessura está de acordo com a carga que a rodovia vai receber”, detalha o comandante.
Os exames são feitos no próprio cenário da construção. “Montamos prensas hidráulicas que avaliam a amostra da pista após a compactação.” O ensaio ocorre em uma extensão de um a dois quilômetros. O Exército possui, em todo o Brasil, 11 batalhões especializados em engenharia de construção. O de Lages é o único localizado na Região Sul, e o de Araguari é o único da Região Sudeste. Além deles, há outros quatro na Região Norte, mais quatro na Região Nordeste e um último no Centro-Oeste, em Cuiabá, Mato Grosso. Essas corporações atuam em obras de cooperação junto a outros órgãos, sendo o principal parceiro o Dnit.