Thiago Copetti – JORNAL DO COMÉRCIO
Começa a tomar forma em Rio Grande a obra da Yara, que promete erguer na cidade o complexo industrial de fertilizantes mais moderno das Américas. De acordo com o vice-presidente sênior da Yara International e presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, está em fase final a terraplanagem do terreno. Anunciado em abril, o investimento de R$ 1 bilhão deve gerar até 4 mil empregos no ápice dos trabalhos. “Em breve, estaremos entrando em fase de licitação de todo o restante do complexo, desde a contratação de quem fará as obras civis até a compra de equipamentos”, disse Hanzen, nesta quinta-feira, na Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, em Porto Alegre.
Motivos para tocar a obra em ritmo normal não faltam. A crise que acomete o Brasil, explica Hanzen, passa ao lado do agronegócio, que depende mais do cenário internacional do que interno. Outra razão para manter o projeto inalterado é a carência de fertilizantes no mercado brasileiro. Em 2015, a companhia entregou 7,9 milhões de toneladas de nutrientes vegetais em todo o País. “Importamos 70% dos fertilizantes utilizados no País, e a agricultura cresce. Neste ano, o setor deve ter uma alta de 8% nos negócios, retornando ao patamar de 32 milhões de toneladas de fertilizantes comercializados. Isso nos faz retornar ao patamar de 2014, quando houve recorde nas vendas. Já em 2015, tivemos uma queda de cerca de 6%, o que ficou fora da curva de crescimento do setor”, justifica.
Sobre o impacto da recente redução da cotação do dólar no Brasil, apesar de não beneficiar o produtor rural (que ganha com o dólar em alta, pelas exportações), Hanzen diz que ainda está em um patamar favorável. Como a moeda norte-americana, porém, também influencia nos custos do agronegócio (especialmente na compra de insumos), a tendência é que ocorra certa antecipação por parte dos agricultores nas compras para a safra 2016/2017, avalia.
O setor está aquecido por fusões e aquisições. A mais quente delas, no momento, é a Vale Fertilizantes, que confirma estar em busca de parceiros para o negócios – mas nega a venda, rumor que circula há tempo no mercado.
A própria Yara adquiriu, em 2013, os ativos da Bunge no segmento e fez uma joint venture com a Galvani (2014), com aporte de US$ 1,5 bilhão no Brasil – incluindo a construção de uma unidade misturadora em Sumaré (SP) e a reforma e ampliação de fábricas, como Uberaba (MG) e Porto Alegre (RS). Em agosto deste ano, a multinacional anunciou expansão no Centro-Oeste brasileiro, com acordo para a aquisição da unidade da Adubos Sudoeste, em Catalão (GO).
A obra em Rio Grande
- O projeto prevê a ampliação e modernização do seu complexo industrial, que já contempla píer próprio com ligação com o modal ferroviário, duas fábricas de produção, uma unidade industrial misturadora de fertilizantes e armazéns de depósito de produtos.
- A ampliação da unidade, além de apoiar o crescimento econômico da região, duplicará a fabricação e a capacidade de mistura de fertilizantes.
- Até 2020, a empresa irá inaugurar novos armazéns, novas linhas de granulação, de acidulação, de ensacados (50 kg) e big bags (1 ton) totalmente automatizadas. A empresa também terá novos equipamentos utilitários para o processo industrial, nova área de descanso para os caminhoneiros, caldeira para produção de vapor e planta de tratamento de águas residuais.
- Além da sede em Porto Alegre e da unidade de Rio Grande, a empresa tem mais duas unidades de mistura no Estado nos municípios de Cruz Alta e Canoas.