O projeto de revitalização do Porto de Pelotas está em fase de estruturação e já dá bons frutos para o mercado de trabalho. Com a geração de novas vagas, coloca o município na contramão dos índices negativos que impactam o Rio Grande do Sul. A previsão é de que a operação no Terminal de Toras – com início previsto para outubro – gere 800 novos empregos diretos e indiretos. A abertura de vagas no município abarca mão de obra de toda região com ofertas em diversas áreas. A notícia chega como alento ao mercado, onde os índices anunciados em junho pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) registram 2.217 desligamentos, contra 1680 admissões. O saldo negativo de 537 trabalhadores colocou Pelotas em 68º lugar no ranking que mede a evolução do emprego formal em municípios com mais de 30 mil habitantes no Estado.
A contratação de mão-de-obra local é uma das premissas do projeto de fomento à hidrovia que tem a frente a Sagres Agenciamentos Marítimos e CMPC Celulose Riograndense e prevê um aporte de R$ 22 milhões em obras de melhorias na orla portuária. As empresas aliadas ao projeto fazem coro aos dados positivos, como a BBM Logística, responsável pelas operações de transporte e carregamento de toras. Com sede já instalada no município de Capão do Leão, a empresa começa a movimentar a região com os investimentos de infraestrutura – que ultrapassam R$ 1 milhão – além da expectativa de injeção de R$ 4 milhões mensais na economia local a partir do início das atividades. “Nossa previsão é a contratação de 210 empregos diretos e 60 indiretos”, anuncia o diretor florestal da BBM, João Cristo. Segundo ele, alguns profissionais já foram selecionados e devem ter sua contratação efetivada no dia 1º de setembro. As demais vagas serão preenchidas até janeiro de 2017. “Também teremos convênios com instituições de ensino para bolsas de estudo”, anuncia.
No cenário das obras realizadas pela Lamb Engenharia, no Terminal de Toras, além de mão se obra são necessários suprimentos, ferramentas, equipamentos e serviços. Para enfatizar a preferência pelos locais, a Celulose Riograndense organizou em abril uma “Rodada de Negócios”, com o objetivo de elencar fornecedores de materiais e serviços prioritariamente de empresas de Pelotas. Enquanto isso, a seleção para o preenchimento de vagas prossegue através do SINE de Pelotas e Capão do Leão, com postos de trabalho para diversos segmentos, desde apoio e carregamento na região florestal, transporte, administrativo até operação portuária.
REALIZAÇÃO – Os dados do CAGED retratam o registro mensal de empregados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A busca por um emprego formal é o sonho de consumo de muita gente no momento, já que algumas oportunidades surgem na informalidade. Os bons ventos que sopram no Porto de Pelotas trouxeram para a bióloga Laura Lemons Moreira, de 28 anos, a primeira oportunidade de emprego formal. Graduada desde 2010 pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com mestrado em Gerenciamento Costeiro pela FURG, ela celebra a carteira assinada há três meses.
Contratada pela Sagres Agenciamentos Marítimos, viu a oportunidade aparecer junto com os primeiros passos de revitalização do Porto de Pelotas. A empresa, que atua há 14 anos no Porto de Rio Grande, abriu a contratação de 60 vagas em Pelotas. Antes disso, com tantos anos de formada, Laura contou com empregos temporários ou com bolsas técnicas – que dão experiência, mas não os direitos trabalhistas que tanto almejava. “Sempre sonhei em trabalhar na área e de preferência na minha cidade, por isso estou feliz com o horizonte que a revitalização do Porto oportuniza”, avalia Laura.
Foto: Nauro Júnior