AGRONEGÓCIO: ROTAÇÃO DE SOJA E ARROZ ELEVA PRODUTIVIDADE DIZ PESQUISADOR

    Sistema de rotatividade melhora resultados de terras baixas, diz Zanon JONATHAN HECKLER/JC

    Sistema de rotatividade melhora resultados de terras baixas, diz Zanon
    JONATHAN HECKLER/JC

    Mesmo com potencial para 15 toneladas por hectare (t/ha), a produtividade histórica do arroz no Rio Grande do Sul não passa de 7,5 t/ha – na última safra, o índice foi ainda menor, atingindo 6,9 t/ha. É em busca de diminuir essa lacuna que trabalha a seção de Fitotecnia da Estação Experimental de Arroz, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Entre as várias frentes pesquisadas pela equipe, chefiada pelo engenheiro agrônomo Alencar Junior Zanon, uma das que mais recebe atenção é a rotação da cultura com a soja.
    “A soja é a cultura que tem mais capacidade de se adaptar às ditas terras baixas, porque, mesmo não sendo própria para isso, consegue suportar algum nível de excesso hídrico”, justifica Zanon sobre a opção pelo grão. A simples rotação no lugar de uma monocultura, lembra o pesquisador, garante o controle das plantas daninhas, a ciclagem de nutrientes e é fundamental para a sustentabilidade e para evitar a degradação dos solos. A opção pelo sistema traz um ganho de produtividade de até 11% no arroz para os produtores.
    Atualmente, pelo menos 300 mil dos 1,1 milhão de hectares de áreas de arroz no Estado já são plantados em rotação com a soja, área que Zanon não acredita que deva aumentar. “É um número já expressivo e que deve se manter. A questão é como aumentar a produtividade da soja também”, afirma o pesquisador. Nas terras baixas, a soja tem atingido 1,9 t/ha, enquanto no total do Estado chega a 2,9 t/ha. O potencial para o grão é de 6 t/ha.
    Boa parte dessa lacuna se deve à falta de drenagem nas terras baixas, que são alagadiças, além de cultivares não apropriadas às características do terreno. Para solucionar esse segundo ponto, os pesquisadores fazem plantações experimentais nas quais colocam água em determinados períodos para descobrir quais linhagens são mais tolerantes, por exemplo. Ao contrário do arroz, onde desenvolve as cultivares, na soja o Irga trabalha em parceria com outras empresas, testando as variedades. Todos os resultados são depois levado aos produtores, já que a entidade é uma das poucas no País que alia pesquisa e extensão rural.
    Outra frente é a determinação mais exata das épocas de semeadura da soja para cada região e a maior segurança para o produtor que opta pela rotação de culturas. Após dois anos de estudos, o Irga encaminhou ao Ministério da Agricultura sugestões de ajuste no zoneamento agroclimático da chamada macrorregião sojícola 101 (que engloba a Metade Sul e a Fronteira-Oeste). A mudança, que já recebeu aval positivo, incluirá no documento municípios como Santa Vitória do Palmar, Capivari do Sul, Palmares e Mostardas.
    Com isso, os produtores dessas cidades, conhecidos redutos de arroz, passarão a ter acesso a financiamentos e ao seguro oficial também para a cultura da soja. O Irga também trabalha para ajustar as recomendações de semeadura de maneira específica para cada uma das microrregiões que integram a macrorregião. “Além disso, ainda estamos estudando qual é a melhor alternativa para a rotação de arroz e soja. Os produtores hoje fazem rotações de ou um ano de cada, ou dois anos de arroz e um de soja, ou dois anos de cada, mas de maneira empírica”, conta Zanon.
    A partir da próxima safra, o Irga também adotará o programa SimulArroz, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria, para fazer a previsão oficial da produção de arroz. O modelo matemático está em fase final de calibragem das cultivares, que, junto às previsões de temperatura e irradiação solar, permitem projetar a safra, serviço hoje feito por amostragem.

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