BACIA DE PELOTAS, MAIS UMA SEM INTERESSADOS; AGORA JÁ SÃO 5 DE 8 BACIAS QUE NÃO TIVERAM OFERTAS

    BACIA

    Cinquenta e um blocos divididos em três setores foram ofertados na Bacia de Pelotas, com um bônus mínimo variando de R$ 335.882,23 a R$ 1.973.825,18. O primeiro setor, com oito blocos, não teve interessados. O segundo e maior deles, com 29 blocos, também não recebeu propostas, assim como os 14 blocos do terceiro setor.

    Das oito bacias oferecidas até as 13h na 13ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), cinco não tiveram interessados: Camamu-Almada, na Bahia, Espírito Santo, Campos, Amazonas e, agora, Pelotas.

    Até agora a Petrobras — ao contrário das outras rodadas, em que era dominante — não apresentou qualquer proposta, nem em formação de consórcio.   O leilão era considerado pelo mercado como desafiador, levando em conta os preços mais baixos do petróleo e a crise da Petrobras.

    Entre as áreas que tiveram ofertas, o maior ágio isoladamente foi de 357,7%, no caso do bloco 101 da Bacia do Parnaíba, pago pelo consórcio Parnaíba Gas Natural e GDF Suez. O total arrecadado com os bônus já soma R$ 116,7 milhões até agora. Só 19 blocos foram arrematados. O governo brasileiro está ofertando nesta quarta-feira, ao todo, 266 blocos exploratórios de petróleo e gás, em dez bacias sedimentares.

    Aluizio dos Santos Jr., prefeito de Macaé, diz que o leilão foi frustrante:

    — Bacias como Espírito Santo e Campos sem propostas são sinal de que a indústria está parada, apática. Ter menos propostas ou de valores inferiores já é preocupante, mas não ter nenhuma é muito ruim.

    Ele se diz preocupado com as incertezas no mercado de petróleo, sobretudo pela situação da Petrobras, que vem cortando investimentos seguidamente.

    — O cenário é muito nebuloso. Enquanto não houver leilões do pré-sal, não haverá atrativo à indústria. Um leilão com a participação de apenas 36 empresas é prova da falta de interesse — argumenta Santos.

    Com elevado nível de endividamento, a Petrobras anunciou na última segunda-feira que redução na previsão de investimentos em 2015 de US$ 28 bilhões para US$ 25 bilhões. Para 2016, o orçamento previsto passou de US$ 27 bilhões para US$ 19 bilhões. Ou seja, a companhia cortou US$ 11 bilhões em novos investimentos em dois anos. Assim, o Plano de Negócios 2015-2019, que era de US$ 130,3 bilhões, passou para US$ 119,3 bilhões — um recuo de 8,4%. De acordo com especialistas, os cortes vão prejudicar o aumento de produção de petróleo para os próximos anos.

    No comunicado, a Petrobras atribuiu os cortes ao preço do petróleo e à taxa de câmbio. O plano da empresa previa o preço do barril de petróleo a US$ 60 este ano. Agora, está em torno de US$ 50. Além disso, a estatal esperava câmbio a R$ 3,10 no ano. A moeda está em torno de R$ 3,80.

    Nesta quarta-feira, a bacia com maior interesse foi a Parnaíba, com a venda de 11 de 22 blocos ofertados. Na Bacia Potiguar, houve venda de seis blocos de 71 ofertados.

    Elói Fernandéz y Fernandéz, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), disse que até agora o leilão vem se mostrando o leilão das pequenas empresas do setor.

    — A expectativa era de que o resultado já viesse nesse sentido. Na verdade, havia comentários de que o Espírito Santo teria áreas arrematadas, mas não teve.

    Segundo o geólogo Pedro Zalan, da ZAG, a surpresa foi Espírito Santo não ter  nenhum bloco arrematado.

    — É a situação atual do país. Já Parnaíba teve um bom resultado e que já era esperado. Lá eles estão monetizando o gás com as térmicas. E as empresas estão fazendo um nicho na região —  disse Zalan.

    Ele também se mostrou  surpreso com a Petrobras, que está com funcionários presentes no certame.

    — Isso indica que a situação está ruim. Esperava que a Petrobras fosse no Espírito Santo e Parnaíba — disse Zalan.

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