Do Diário Popular
Após meses de intensa negociação, Petrobras e consórcio QGI chegaram a um acordo e confirmaram a construção das plataformas P-75 e P-77 no Rio Grande.
Construção dos módulos no Polo Naval do município prevê geração de 4,5 mil empregos diretos
O sinal verde foi dado na tarde desta quinta-feira (2) durante reunião realizada no Rio de Janeiro entre representantes do município e da estatal. A princípio, o empreendimento deve gerar 4,5 mil empregos diretos, o que devolve a tranquilidade à indústria naval e à economia da Zona Sul, abalada com a perspectiva de cancelamento do contrato. A previsão é de que as obras comecem em 30 dias. Depois de prontas, as plataformas devem ser instaladas na Bacia de Santos, cada uma com capacidade para produzir até 150 mil barris por dia.
Para o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte (Stimmmerg), Sandro Laranjo, a notícia dá novas esperanças à comunidade rio-grandina e alivia a crise econômica vivida pelo município depois dos impasses criados com os escândalos que vieram à tona com as investigações da operação Lava Jato – que revelaram esquema milionário de corrupção que resultou na prisão de executivos de empreiteiras ligadas ao Polo Naval e diretores da Petrobras.
De acordo com o prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), atualmente o setor emprega mais de oito mil pessoas. Outras nove mil esperam uma nova oportunidade. “Não só Rio Grande ganha, mas o país como um todo, ao fortalecer a indústria naval. É um resultado extraordinário”, afirmou.
Presença
Na madrugada de terça-feira cinco ônibus com mais de 200 metalúrgicos saíram do Rio Grande em direção ao Rio de Janeiro para manifestação em frente à sede da Petrobras. Enquanto aguardavam a confirmação da construção das plataformas P-75 e P-77 no estaleiro da QGI, o presidente da Stimmmerg, Benito Gonçalves, chegou a acorrentar-se em protesto à situação, mas comemorou a manutenção do contrato de construção das duas plataformas em Rio Grande.
Relembre
Em fevereiro, a QGI pediu aditivo de US$ 25 milhões no contrato de US$ 3 bilhões assinado em 2013 para fabricação das duas plataformas. A Petrobras não aceitou a proposta e ainda apontou a possibilidade de transferir os projetos para a China. Com a decisão, a QGI desistiu da montagem e integração dos módulos das duas plataformas, o que causou a suspensão das quatro mil contratações programadas para a operação. Desde então, Petrobras e QGI vinham tentando acordo para garantir a manutenção do contrato. O consórcio QGI Brasil é formado pelas empresas Queiroz Galvão e Iesa Óleo e Gás. Os serviços serão executados no estaleiro Honório Bicalho, no Rio Grande.
Petrobras aperta o cinto
Fragilizada pelos escândalos de corrupção envolvendo executivos da empresa e altos funcionários de empreiteiras que têm negócios com a estatal, a Petrobras anunciou nessa semana o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019.
O programa prevê cortes de 37% nos investimentos e uma revisão no total de desinvestimento previsto em 2015 e 2016 para US$ 15,1 bilhões. Em 2017 e 2018, os desinvestimentos deverão somar US$ 42,6 bilhões, incluindo reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desinvestimentos adicionais. Com relação a investimentos, o plano prioriza projetos de exploração e produção (E&P) de petróleo no Brasil, com destaque para o pré-sal. Nas demais áreas, a ideia é apostar na manutenção das operações e em projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural.