Do Jornal Agora
O secretário adjunto de Minas e Energia do RS, Artur Lemos, esteve, nesta quarta, 3, em Rio Grande, participando de um debate com lideranças da região para conhecer as demandas locais a serem incluídas no Plano Energético 2016-2025. O Plano Energético é um estudo que pretende projetar a demanda de energia e os gargalos que precisam ser enfrentados, para que o Estado tenha abastecimento continuado e de qualidade ao longo da próxima década. É o que explicou Lemos.
O encontro aconteceu no auditório da Câmara de Comércio e contou com a presença do prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer; do prefeito de Pelotas, Eduardo Leite; do presidente da Câmara de Comércio, Renan Lopes; do vereador José Antônio Silva – (PSDB), representando a Câmara Municipal; da presidente do Corede Sul, Roselani Silva; do diretor técnico da Secretaria de Minas e Energia, José Francisco Braga; e do diretor de transmissão da CEEE, Luiz Carlos Tadiello, que compuseram a mesa de discussões. Também estiveram presentes o vice-prefeito de São José do Norte, Francisco Xavier; o deputado estadual Catarina Paladini (PSB); o prefeito de Pedras Altas, Fábio Luiz Martins de Tunes; o prefeito de São Lourenço do Sul, Daniel Raupp; representantes do Porto do Rio Grande, empresários, trabalhadores da CEEE, vereadores e secretários do Rio Grande e região.
POTENCIAL
O adjunto da Secretaria de Minas e Energia, Artur Lemos, abriu a discussão afirmando que, além de identificar as matrizes energéticas que o Estado possui, surgiu a necessidade de se criar um caderno de propostas das regiões. Por esse motivo, estão previstas 17 reuniões, em diferentes regiões do Estado, para explorar as potencialidades e os desafios. A reunião, em Rio Grande, foi a 4ª do cronograma.
O diretor técnico da Secretaria de Minas e Energia, José Francisco Braga, discorreu sobre energia eólica, energia solar, energia hidrelétrica, gás natural e reaproveitamento da biomassa. De acordo com ele, a região sul vem despontando na geração de energia eólica, pelas boas condições de ventos e também de distribuição. Mas, segundo ele, ainda há muito o que explorar. São atualmente 44 parques eólicos instalados no estado, gerando, ao todo, 1.153 MW. De acordo com Braga, a metade sul tem potencial para gerar 5,7 GW de energia através do vento. Ele citou que os principais empreendimentos eólicos estão situados em Santa Vitória do Palmar, Hermenegildo e Chuí.
Sobre energia solar, Braga informou que a Secretaria de Minas e Energia deverá lançar, em 2016, o atlas solar, identificando as áreas mais propícias. De acordo com ele, a legislação já permite a compensação nas faturas de energia elétrica de quem se utiliza de energia solar. “O excesso de energia gerada vai para a rede elétrica, gerando crédito, que será abatido pelo consumidor nos próximos 36 meses”, explicou. “Se a residência produz mais do que consome, tem crédito. Quem botou não se arrependeu”, garantiu o diretor técnico da Secretaria de Minas e Energia. No que diz respeito ao aproveitamento de biomassa, Braga afirmou que, no Rio Grande do Sul, 850 MW poderiam ser gerados a partir de farelo de arroz e cavados de madeira e 425MW poderiam ser gerados a partir do lixo. Por fim, Braga falou do gás natural. Segundo ele, a disponibilidade de gás natural no RS está quase saturada, cenário que deverá mudar com a usina termelétrica prevista para instalar-se em Rio Grande – um projeto de R$ 2,9 bilhões, que vai gerar 1.238 MW, a partir do gás natural. O empreendimento do grupo Bolognesi tem prazo para começar a entregar a energia a partir de janeiro de 2019.
DEMANDAS
Na oportunidade, os vereadores do Rio Grande, Repolhinho e Flávio Santos (PSDB), alertaram sobre as demandas do interior do Município, onde ainda existem famílias sem energia elétrica. Da mesma forma, o vice-prefeito de São José do Norte, Francisco Xavier, informou que aquele município está recebendo o maior estaleiro da América Latina, uma mineradora e projetos de energia eólica, ao mesmo tempo em que a energia ainda chega através do Rio Grande, por cabos subaquáticos, que estão com capacidade quase esgotada. Ele afirmou que o abastecimento de água no município também passa por problema semelhante.
A presidente do Corede, Roselani Silva, defende a necessidade de implantar o sistema de aneis para complementar o sistema radial de interligação das subestações de distribuição. De acordo com ela, a metade sul é a quarta região mais populosa do estado, a 2ª maior em extensão e precisa de um olhar mais atento do governo do Estado. Além do tamanho e da população expressiva, Roselani afirmou que a região sul é a solução econômica para o Rio Grande do Sul, pelo potencial institucional e empresarial, pelas universidades, pela localização geográfica etc.
O prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, na ocasião representando a Azonasul, informou que algumas dificuldades de logística estão sendo superadas. Afirmou que a duplicação da BR 116 facilita o deslocamento das cargas entre o Porto do Rio Grande e a região metropolitana. Disse ainda que está se buscando a cocretização da hidrovia Brasil-Uruguai também como forma de facilitar o acesso ao porto. Falou da ampliação dos aeroportos do Rio Grande e de Pelotas, também em tramitação. Por fim, elogiou a iniciativa do governo do Estado de investir em uma política continuada, com a criação do Plano Energético 2016-2025.
FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO
Já o prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, afirmou que o mapa eólico e solar da metade sul é extraordinário. Ele informou que foi inaugurada, no ano passado, uma linha de transmissão de 525 KW, dando suporte para que outros parques eólicos se instalem na região. Citou investimentos da CEEE, que está instalando um complexo eólico no Município, o que contribuiu para a vinda da fábrica de torres da Weg para Rio Grande. Para Lindenmeyer, tudo isso é muito promissor, com relação ao fortalecimento da produção de energia, tornando a região cada vez mais eficiente.
Lindenmeyer disse, ainda, que a representatividade política da metade sul também está reforçada, uma vez que passou a contar com um secretário de Governo, citando o titular de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, ex-prefeito do Rio Grande, Fabio Branco. Falou da importância de se fazer o adensamento da matriz energética no entorno de onde estão se instalando os parques eólicos e as usinas solares. “Temos perdido leilões porque equipamentos vêm do Nordeste”, comentou. “Em contrapartida, ganhamos muitos em função da disposição dos ventos”, continuou. Ele ressaltou a necessidade de se encontrar formas de facilitar a vinda dos empreendimentos e afirmou que se está buscando a atração de mais uma fábrica de torres e, também, de pás e aerogeradores.
O prefeito do Rio Grande discorreu sobre a fábrica de painéis solares, que se está instalando no Município. De acordo com ele, trata-se da primeira fábrica de placas fotovoltaicas do Brasil, consolidando Rio Grande no ramo da energia sustentável e credenciando o Município à exportação para os mercados estaduais, nacionais e, até mesmo, internacionais. Ele disse, inclusive, que a energia solar pode ser uma solução para o problema de falta de energia no campo.
CENTRO DE PESQUISA
O secretário de Desenvolvimento, Inovação, Emprego e Renda do Rio Grande, Jordano Marques, acrescentou que o País vive uma crise energética pelo ponto de vista logístico e ambiental. De acordo com ele, a metade sul tem capacitade para gerar 45GW de energia renovável. Jordano afirmou que foi criado, com sede na Furg, o Centro de Pesquisa em Energias Renováveis do RS. O Centro tem a participação de várias universidades públicas e particulares do Estado. Segundo o secretário, o que se está buscando, agora, é a atração para Rio Grande também do Centro Nacional de Pesquisa em Energias Renováveis. “O Governo está para escolher um centro nacional. A disputa está entre o RS e Nordeste”, explicou. Por fim, Jordano informou que Rio Grande e região têm pesquisas muito fortes de biomassa e de geração de energia através de ondas,offshore e eólica. “Rio Grande tem a melhor condição para receber esse centro”, garantiu.
APELO
Fechando a discussão, o diretor da Companhia Vento Aragano, com cinco antenas de medição de vento instaladas em São José do Norte, fez um apelo para que se facilite o acesso do Município às linhas de transmissão. De acordo com ele, o maior complexo eólico instalado no Estado é o de Santa Vitória do Palmar, que gera 550MW, e a capacidade do projeto Vento Aragano de São José do Norte visa à geração de 800MW.
PREFEITO DE PELOTAS PARTICIPA DO ENCONTRO
Ao lado do secretário adjunto de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, da presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede Sul), de Roselaine Silva, e do prefeito da cidade do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer – entre outras autoridades representativas – Eduardo, que também é presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), falou da atual situação da energia na região, e principalmente dos gargalos que ainda necessitam de uma atenção especial. “Precisamos de um olhar muito singular para o Sul do Estado. Precisamos que a empresa que nos abastece não tenha apenas uma justificativa comercial, mas tenha sim, uma visão além, que impulsione resoluções e o desenvolvimento da energia na região. Precisamos do estímulo, do investimento e da concretização do setor energético na nossa Metade Sul”, disse o prefeito, que entregou ao secretário adjunto um documento com propostas e sugestões levantadas para o plano, pelos municípios da Azonasul.
Roselaine lembrou do potencial que Metade Sul oferece no quesito energia: “aqui até o vento é bom, porém necessitamos de investimento em novas subestações, ampliação das existentes, interligação das estações e implantação de sistema de anéis/complementar radiais para fazer acontecer”.
No encontro, o diretor técnico da SME, José Francisco Braga, apresentou o cenário do consumo de energia no Rio Grande do Sul e discorreu sobre as principais formas de energia, ressaltando que o aproveitamento da biomassa, para a região, é o principal ponto em desenvolvimento.
As reuniões preparatórias deverão acontecer, no interior do Estado, até a metade do mês de julho, quando se concluirá a partir das sugestões dos municípios, o Plano Energético, que tem por objetivo oferecer um conjunto de diretrizes e propostas de políticas públicas para a área energética.