Trecho de duplicação da BR-116 está parado por falta de salários

    Um dos trechos em obras da duplicação da BR-116 entre Pelotas e São Lourenço do Sul, na Região Sul do Estado, está totalmente parado. O motivo é o atraso no pagamento dos operários do lote sete, cuja responsabilidade é da empresa Sultepa. Em outros trechos, as obras seguem, mas em ritmo lento. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) não estaria repassando os recursos às empreiteiras.

    O pior caso é o da Construtora Sultepa, que faz a duplicação de 22 quilômetros entre a localidade de Santa Isabel e a ponte sobre o Arroio Passo do Pinto. Segundo um funcionário que não quis se identificar, do servente ao engenheiro responsável pelas obras, ninguém recebe desde novembro do ano passado. São 90 empregos diretos e 40 indiretos. Os serviços foram interrompidos no dia 19 de dezembro e não retornaram após o recesso de final de ano.

    Morador de São Lourenço do Sul, o carpinteiro Agripino Garcia não sabe como vai pagar as contas da família sem receber o salário, que mantém a esposa e duas filhas em uma casa na Vila Nova Esperança. “Tá tudo atrasado. Se eu não pagar hoje, vão cortar minha conta de luz”, relata. A companheira Marione ajuda nos custos, com o salário de R$ 200 como faxineira.

    Nesta semana, os funcionários da Sultepa reuniram assinaturas para levar o caso à Justiça do Trabalho. Vários já pediram demissão e voltaram para suas casas sem nenhuma quantia.

    Já no trecho de responsabilidade da empresa SBS Engenharia – 19 km entre a ponte do Passo do Pinto e Turuçu – o trabalho não parou, mas perdeu força. Mais de 50 operários foram demitidos e o expediente noturno foi cancelado. Funcionários dizem que não deixaram de receber nenhum mês. Contratos com terceirizadas também foram rompidos. Segundo a SBS, não há salários atrasados porque as empresas estão usando dinheiro de caixa ou empréstimos bancários.

    A entrega dos trechos de duplicação estava prevista para julho deste ano, mas com a paralisação dos trabalhadores e a redução no ritmo de trabalho, é provável que haja atraso. O DNIT ainda não se manifestou sobre o assunto.

    O atraso nos salários impacta diretamente na economia de São Lourenço do Sul. No município de 40 mil habitantes, ao menos 40 contratos de aluguel estão sem pagamento. O proprietário de uma imobiliária, no centro da cidade, Mário Graeff, diz que está há quatro meses sem receber pelas locações. “Os contratos são feitos diretamente com as empreiteiras, que acusam o Governo de não repassar a verba”. Os prejuízos atingem também postos de gasolina e restaurantes. Os operários foram embora e deixaram contas em aberto.

    Fonte: Camila Faraco – Rádio Gaúcha Zona Sul

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