O Estaleiro ERG2 vai atuar de modo coordenado com o Estaleiro ERG1, em atividade, na fabricação de oito cascos FPSO (embarcação que produz, armazena e transfere óleo e gás). Os cascos serão entregues à Petrobras e suas empresas parceiras, para a exploração da camada de petróleo do pré-sal da Bacia de Santos. Os dois contratos assinados com a Ecovix-Engevix para esse fim totalizam US$ 3,5 bilhões (R$ 7,6 bilhões, aproximadamente). Os oito cascos são idênticos e podem processar diariamente até 150 mil barris de óleo e 6 milhões de m3 de gás, segundo a Petrobras. O aço do casco alcança 40 mil t, com calado máximo de 23,2 m e comprimento de 288 m. Cento e dez pessoas podem ser acomodadas no interior de cada um deles.
Conforme o acordo, os cascos serão entregues já aprovados pela American Bureau of Shipping (ABS, uma das sociedades classificadoras que atuam na área de construções navais para garantir qualidade) e terão todos os sistemas navais e offshore e módulos de utilidade e de acomodações. As entregas estão programadas para começar no primeiro semestre do ano que vem e encerrar, com a conclusão do oitavo e último casco, no fim de 2016.
O ERG2 também trabalhará diretamente na fabricação de três navios-sonda para a Sete Brasil, um contrato de US$ 2,36 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões). Os navios-sonda que ali emergirão, do tipo Gusto MSC PRD 12000, estarão equipados com todos os itens necessários à operação e podem perfurar poços de petróleo numa profundidade de até 10 mil m. Os navios-sonda terão cerca de 200 m de comprimento e 56 mil t de peso e podem acomodar 180 pessoas. A primeira embarcação desse tipo deve estar pronta no primeiro semestre de 2016 e a última, no segundo semestre de 2017. Serão destinados, como os cascos FPSO, à exploração do petróleo do pré-sal.
Novas fábricas de blocos, novos galpões
As obras do novo estaleiro ERG2, contíguo e complementar ao Estaleiro ERG1, foram divididas em duas etapas. Os serviços principais que compõem a etapa 1, quase finalizada, são a execução da fábrica de painéis e blocos de aço (FPB) e de oito galpões de acabamento (GAB). “A fábrica de painéis e blocos recebe como insumos chapas e perfis e entrega ao estaleiro blocos aprovados, com acabamento avançado (escadas, plataformas, tubulação etc.), e tem capacidade de 8.500 t/mês”, descreve Canhetti.
Os blocos de aço são as partes que compõem o FPSO e cada casco soma 288 blocos. A sequência produtiva na fase 1 do Estaleiro ERG2 já tem uma lógica: cada bloco entregue pela fábrica segue para pintura nos galpões de acabamento, que são capazes de pintar até 54 blocos por mês. Então, já pintados, os blocos seguem para a área de pré-edificacão no ERG1, onde são soldados em megablocos, formando um conjunto que pode ultrapassar mil t de peso. Daí, os megablocos aprovados são transferidos ao dique seco e soldados entre si, formando, por fim, o casco FPSO completo.
As instalações da segunda fase do Estaleiro ERG2 vão se dedicar especialmente à fabricação dos navios-sonda da Sete Brasil. Os principais itens da etapa são execução da fábrica de blocos curvos (FBC, com capacidade para 1.800 t por mês e 11 mil m2 de área construída), carreira horizontal (pátio de edificação, de 230 m x 34 m) e cais de 190 m, além de prédios administrativos, vestiários e refeitórios para 3 mil colaboradores. Já em construção, essa etapa deve ser entregue em fevereiro do ano que vem, com o início da produção de blocos curvos.
Como no caso dos FPSOs, explica Alexandre Canhetti, da Ecovix, a execução de um navio-sonda segue uma rota: a fábrica de blocos curvos recebe perfis e chapas e entrega blocos curvos aprovados, com acabamento avançado. Levados para os galpões de acabamento, os blocos prontos são pintados e, depois, já na área de carreira, soldados e unidos, formando a embarcação.
Elementos pré-fabricados
O projeto de engenharia do Estaleiro ERG2 como um todo foi desenvolvido, explica Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor da Engevix, com foco no aproveitamento de técnicas e métodos construtivos que privilegiassem a pré-fabricação, das estruturas metálicas, das peças de concreto e das instalações eletromecânicas.
Especificamente na fábrica de painéis e blocos, da fase 1 do novo estaleiro, com área construída de 42 mil m2, pontua Albero, as fundações e estruturas foram dimensionadas tendo em vista as características dos equipamentos de um estaleiro altamente mecanizado. “A interface e a coordenação do projeto com os fabricantes internacionais desses equipamentos foi essencial para os trabalhos”, confirma Albero. Dada a magnitude das máquinas para movimentação de cargas pesadas (duas pontes rolantes de 150 t, seis pontes rolantes de 30 t, duas pontes rolantes de 15 t e dez pórticos de 15 t) e do maquinário necessário ao processo de fabricação automatizada, a execução do piso, por exemplo, mereceu cuidado extra, com alta densidade de armadura para as lajes. “As estruturas metálicas e de cobertura contam com 7.000 t de aço”, aponta.
Segundo o diretor da Engevix, a construção da fase 2 do Estaleiro ERG2 também tem características próprias. O edifício da fábrica de blocos curvos está sendo executado inteiramente com estrutura metálica, para dar agilidade à obra. Na construção do cais, a fim de minimizar impactos ambientais, utilizou-se o perfil natural do solo com uma laje de superposição.
Gestão
Dois fatores condicionantes da obra têm exigido gestão firme da Engevix: suprimentos e mão de obra. Segundo Albero, o cronograma acelerado do empreendimento pede ação rápida dos profissionais encarregados de suprir as demandas do canteiro, tarefa que envolve uma série de fornecedores nacionais e também estrangeiros. A dificuldade de obter mão de obra, disputada pelos grandes empreendimentos da região, foi contornada com o treinamento de pessoal local, via parcerias com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O pico dos trabalhos uniu 1.200 trabalhadores diretos e indiretos.
Com início em maio de 2011 e término previsto para fevereiro de 2015, o conjunto de obras de infraestrutura no Estaleiro Rio Grande, que inclui melhorias no ERG1, a execução do ERG2 e a futura construção do ERG3, totaliza R$ 1 bilhão, segundo a Engevix. A empresa, assim, vai inscrevendo seu nome num novo marco no Brasil: o do início da exploração do petróleo do pré-sal, com seu aguardado desenvolvimento econômico, e também social.
Ficha técnica — Execução do RG Estaleiro ERG2
Local: Porto de Rio Grande (RS)
Projeto estrutural e de arquitetura e construção: Engevix
Projeto de engenharia: Engevix e Ecovix
Projeto de instalações hidráulicas e elétricas: Engevix
Fundações: Lamb Construções e Engenharia
Terraplenagem: Embrasmaqui Máquinas e Empilhadeiras
Montagem industrial: Engevix
Gerenciamento: Ecovix
Principais fornecedores de máquinas, equipamentos, materiais e insumos: IMG mbH, HGG, Messer, Anupam, Truckfort, Murzello, Tertecman, Nieland
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