Visita ‘relâmpago’ de Dilma frustra operários em Rio Grande

    Com a forte chuva que atingia a região sul do Rio Grande do Sul na manhã desta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff encurtou a visita ao polo naval da cidade de Rio Grande. Com um discurso que durou apenas cinco minutos, a presidente frustrou os quase 4 mil operários que aguardavam para conhecê-la. Ela deixou a cidade pouco antes das 12h para pegar o avião em direção a Brasília.A vistoria de Dilma às obras de construção de três plataformas de petróleo era aguardada desde o início do ano. 
     “Eu queria muito conhecê-la. Ganhamos até folga no trabalho para ver o discurso da Dilma”, disse a operadora de máquinas Francine Medeiros, 22 anos. A jovem, que trabalha no polo naval há um ano e três meses, não conseguiu chegar perto do palco montado para receber a presidente. “Tinha muita gente e começou a chover forte. Eu não vi nada, foi decepcionante”, lamenta a trabalhadora. 
    Os funcionários das empresas responsáveis pelas obras receberam capa de chuva, já que a previsão era de que o tempo não colaborasse, mas a proteção pouco adiantou. “Me molhei toda, mas mesmo assim queria tê-la visto. (A cerimônia) mal começou e já acabou”, disse Francine, que sequer conseguiu acompanhar a cerimônia pelo telão montado junto à plataforma P-55, no estaleiro Rio Grande. O operário de acabamento e pintura Alexandre Rubens Silva da Silva, 34 anos, também sentiu decepção com o evento. “Foi uma pena essa chuva forte bem na hora que a Dilma foi falar. Eu até vi ela, mas bem de longe”, disse Silva, que trabalha nas obras há dois meses. Tanto ele quanto Francine são naturais de Rio Grande e fizeram cursos profissionalizantes para conseguir emprego no polo naval.”A cidade está crescendo muito, tem muita oportunidade para a gente, mas tem que se qualificar. Eu prefiro muito mais trabalhar aqui do que no comércio, e o salário é bem melhor também”, afirma a jovem, que fez curso para operar máquinas no Senai. 
    De acordo com a Quip, empresa gaúcha responsável pela construção das plataformas P-55 e P-58 e P-63, 80% dos trabalhadores empregados nas obras são do Rio Grande do Sul.Como encontrar mão de obra qualificada ainda é um desafio para a indústria naval, as empresas ainda buscam em outros Estados parte dos funcionários. É o caso de José Adelson dos Santos, 33 anos, e de Ederaldo da Fonseca, 40 anos, que vieram de Sergipe para trabalhar em Rio Grande. “A gente trabalhava num estaleiro lá, mas surgiu essa oportunidade de vir para o Sul, com um salário melhor”, afirmou Fonseca antes de começar o evento com a presidente.Os dois trabalham como montadores navais e treinam os novos empregados na função. Eles também aguardavam com ansiedade a fala da presidente. A poucos metros do palco montado, os dois gritavam “Dilma, Dilma”, antes de começar a solenidade. “Queremos ver ela, nem que seja só de longe porque a gente só conhece pela televisão”, disse José Adelson.
    De acordo com a Petrobras, que vai operar as plataformas em construção para extrair o petróleo da camada do pré-sal, o polo naval de Rio Grande gera 6 mil empregos diretos, além dos trabalhadores indiretos e no incremento ao comércio da região. “É muito bom trabalhar aqui. Consigo mandar dinheiro todo o mês para a minha família em Alagoas”, afirmou José Adelson, que é natural de São Miguel dos Campos, nas proximidades de Maceió. “O único problema é controlar a saudade”, completou o operário, que visita a mulher e o filho de 2 anos a cada três meses.

    Fonte: Angela Chagas – Portal Terra 

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