Técnicos em alta no mercado de trabalho

    Profissionais de primeira necessidade no atual momento do país, os técnicos são tão disputados no mercado de trabalho que podem ter salários que ultrapassam R$ 15 mil. A intensa demanda, somada à falta de pessoal capacitado e à baixa procura por determinados cursos profissionalizantes resultam em salários cada vez mais atrativos, que, em alguns casos, podem ultrapassar os pagos a funções de nível superior. Um técnico inspetor de qualidade, que vistoria soldas, pode receber mais de R$ 15 mil no Polo Naval de Rio Grande.

    – Temos diversos níveis de soldadores, desde os mais básicos até os mais específicos. Há atividades que necessitam conhecimentos mais aprofundados e esforço extra do profissional. E situações em que ele precisa soldar na posição vertical ou em locais confinados. Nesses casos, os salários refletem o grau de exigência – explica José Miguel Simão Filho, gestor executivo de operações daQuip (que está com quatro projetos em andamento, sendo três no polo gaúcho e um em Pernambuco).

    Levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em 18 Estados mostra que a remuneração média de admissão dos trabalhadores em 21 ocupações técnicas mais demandas pela indústria é de R$ 2 mil – quando o profissional tem mais tempo de atividade, esse valor pode triplicar.

    De acordo com Márcio Guerra, gerente-executivo adjunto da Unidade de Estudos e Prospectiva do Senai Nacional, a falta de pessoal qualificado no mercado é o primeiro fator para o fenômeno salarial de técnicos:

    – É importante alertar para essa opção de carreira. No Brasil, ainda prevalece a ideia de que a graduação superior oferece mais alternativas. Mas o que se percebe é uma saturação nas vagas de bacharéis e sobra de oportunidades para técnicos, que são mais urgentes e acabam sendo melhor remuneradas como forma de atrair e reter pessoas – explica Guerra.

    A valorização, entretanto, passa pelo tempo de experiência – a pesquisa do Senai aponta que os técnicos com 10 anos de atividade na área são os que atingem picos salariais. As estratégias de remuneração em setores com forte necessidade de técnicos são delineadas conforme a especificidade de cada cargo.

    – Mas não basta ter tempo de serviço para garantir retorno financeiro, é preciso se mostrar um profissional diferenciado e apresentar resultados para galgar posições. Para isso, oportunidades de desenvolvimento e outros benefícios se somam ao salário – detalha Fernando Sato, diretor de remuneração, benefícios e serviços a pessoas da Braskem.

    Iniciante na profissão, Perla Bohns, 33 anos, fez o curso de soldagem assim que percebeu a necessidade do mercado. Tão logo a Quip se instalou em Rio Grande, a então dona de casa decidiu se qualificar para ter a carteira assinada pela primeira vez. Hoje, recebe salário que varia de R$ 2,2 mil a R$ 2,9 mil por mês – antes de completar dois anos de trabalho. Nos seus planos, está a realização de curso técnico para, futuramente, conquistar postos e aumentar a renda familiar – já que espera o primeiro filho.


    Fonte: Maria Amélia Vargas – Jornal Zero Hora

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