Fora de época, a população fixa no balneário é de 35 mil e a circulação de veículos bate na casa dos 12,5 mil. Mas cerca de 50 mil veículos por dia passam pelo trecho durante o veraneio, de acordo como o Comando Rodoviário da Brigada Militar e, mais de 120 mil pessoas aproveitam a temporada no balneário.
Mesmo com esses dados e com a segurança maior nos deslocamentos (veja queda de mortes no quadro) a obra se arrasta. A duplicação foi uma das demandas da Consulta Popular ainda no governo de Germano Rigotto (PMDB), passou por todo o período de Yeda Crusius (PSDB) e já chega à metade do mandato de Tarso Genro (PT).
A falta de um planejamento e as constantes mudanças no traçado são apontadas como principais vilãs da conclusão da construção pelo engenheiro Heitor Vieira, especialista em trânsito, professor da Universidade Federal do Rio Grande.
Está tudo praticamente duplicado, menos três trechos: a ponte sobre o Arroio Bolaxa (iniciada em julho, com previsão de conclusão de 60 dias), o viaduto sobre a rede ferroviária e a construção da rótula no km 6. Os dois últimos foram encaminhados para licitação. A expectativa do Daer é concluir a obra antes do verão. O orçamento da obra, de R$ 14,5 milhões, assusta: representa quase R$ 1,4 milhão por quilômetro duplicado.
– É um valor excessivo. Não deveria passar de R$ 1 milhão por quilômetro. É uma obra relativamente curta, com poucos trechos difíceis. Há estradas mais sinuosas, com pontes, túneis e desapropriações urbanas que saem por valores semelhantes – diz Vieira.
Nas redes sociais, muitos usuários demonstram insatisfação com a demora. Na média, cerca de 4,3 metros foram duplicados por dia desde o início das obras. O prazo também é considerado exagerado por especialistas.
– Temos outra duplicação aqui perto que também teve desapropriações e desvios de trechos e não precisou de tanto tempo – lembra Vieira, referindo-se à BR-392, que está com mais de 75% das obras concluídas, mas iniciadas em 2009 e abrangendo pouco mais de 50 quilômetros.
Segundo o DAER, “há processos em andamento, como o da desapropriação judicial para a rótula do quilômetro 6, o que acaba acarretando um prazo maior para serem concluídas as obras.”