Com a implantação do Polo Naval está havendo muita procura para confecção da Carteira do Trabalho na gerência regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Rio Grande. Diariamente são emitidas cerca de 30 carteiras e a maioria é para as pessoas motivadas pelas promessas de emprego no Polo Naval. Este número não conta os casos de urgência ou o atendimento de pessoas que vêm de locais distantes.
A gerente regional do MTE, Iara Maria Reis Gaspar, observa que o atendimento só não é maior devido a problemas no sistema de informatização, “mas nada que impeça a emissão da carteira. Só que dificulta um pouco mais”. Segundo ela, já se liberou a emissão de 60 carteiras diárias, mas o ritmo atual tem sido suficiente para atender à demanda. Projeta, no entanto, que a partir de junho “o sistema deverá estar completamente em dia” e um maior número de carteiras do trabalho será liberado por dia. “O prazo de entrega é dez dias, mas normalmente ficam prontas antes e quando o sistema está em dia, a pessoa às vezes já sai com a carteira na mão”, explica.
Apesar da procura ter aumentado consideravelmente, o número de funcionários continua o mesmo no MTE do Rio Grande. O problema maior é com relação aos fiscais: existem apenas dois, apesar de todo o crescimento da cidade, enquanto Pelotas tem 12.
O problema já foi levado ao superintendente regional do TEM, Heron de Oliveira, pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande, Benito Gonçalves. A própria gerência geral já solicitou mais fiscais, mas não existe previsão de reforço nesse efetivo.
“A procura pela informação trabalhista é grande, mas temos apenas um fiscal na área portuária e o chefe de fiscalização. Às terças e quintas-feiras temos o plantão fiscal pelo telefone 3232-5594”, informa Iara Maria Gaspar.
No Sine sobram vagas e faltam candidatos capacitados
“Temos vagas em todos os segmentos. Não tem é candidato para preencher as vagas”. A declaração é do coordenador da gerência do FGTAS/Sine no Rio Grande, Sérgio Dalbon. Segundo ele, existem em torno de 500 vagas para homens, enquanto para as mulheres são poucas, “mais para comércio e auxiliar de cozinha”.
Dalbon entende que o número elevado de vagas no Sine tem a ver com o Polo Naval. “Para cada vaga gerada no Polo, são geradas mais quatro fora dele”, explica.
Indagado sobre os motivos para sobrarem vagas no Sine do Rio Grande, ele é direto: “Uns não querem trabalhar e outros não têm capacitação. O Polo Naval é mais complicado, porque exige mão de obra mais qualificada, como montador de estrutura metálica, montador de andaime, soldador. O pessoal que procura emprego aqui possui curso, mas não tem comprovado na carteira, como as empresas exigem”, lamenta o coordenador.
Diariamente, entre o atendimento do seguro desemprego e o encaminhamento para vagas de trabalho, acontecem cerca de 170 atendimentos no Sine.
Além da falta de qualificação, Sérgio Dalbon chama atenção para os currículos mal elaborados que são deixados no Sine. “O currículo tem de ser claro, preciso e as empresas reclamam que é comum ligarem para os telefones deixados nesses currículos, às vezes até três vezes, e não atenderem. Eu mesmo liguei para 16 números e somente dois atenderam”.
Uma observação interessante de Sérgio Dalbon é que as pessoas do Rio Grande estão mais interessadas em trabalhar no Polo Naval. O maior desinteresse refere-se ao trabalho no comércio. “Muitos não querem trabalhar em supermercados, nem como frentistas, porque têm de trabalhar nos sábados, domingos e feriados. Já as empresas do Polo Naval, além das folgas dão melhores salários, transporte na porta, vale alimentação, plano de saúde, seguro de vida e outros benefícios”.
Fonte: Ique de la Rocha – Jornal Folha Gaúcha