Devido às condições climáticas, a produção da safra 2023-24 será de 23 mil toneladas, numa quebra de 41%. Em toda a região, segundo a Emater, a produção será de 36 mil toneladas. Desse total, entre 85% a 90% será destinada à indústria de conservas, cuja produção é responsável por abastecer o mercado nacional de pêssego em calda.
Com 40 anos de idade e 20 de produção de pêssego, Teixeira registrou uma perda menor que a média no município – 30%, segundo seus cálculos. As razões, no entanto, são as mesmas: geada e excesso de chuva, o que provocou podridão parda na fruta, atingindo principalmente o plantio inicial. Na área arrendada, de oito hectares, onde foi realizada a abertura da colheita na tarde desta quinta, não houve perdas. No local ele optou por uma variedade nova, BRS Jaspe, da Embrapa Clima Temperado, além da Maciel.
Nesta safra ele vai colocar no mercado 240 toneladas de pêssego, a maior parte para a indústria e uma pequena escala para mesa. “Foi uma safra boa em vista do clima, que não ajudou”, avalia ele. “Teria sido excelente se o tempo tivesse sido melhor”, lamenta o produtor, que além de pêssego dispõe em sua propriedade de parreirais e uma agroindústria de sucos e vinhos – Potenza, registrada há menos de um ano mas já presente em eventos de agricultura familiar como Expofeira e Festa Municipal do Morango.
Para o presidente da Associação de Produtores de Pêssego da Região de Pelotas, Mauro Scheunemann, 2023 foi um ano difícil para a cultura. “Muitos problemas climáticos”, justificou. “Manter produtividade no pomar este ano foi para poucos”.
O técnico responsável pela fruticultura do escritório da Emater em Pelotas, engenheiro agrônomo Rodrigo Prestes, concorda. Ele chamou atenção pelo número expressivo de produtores no município, mais de 600, e agradeceu a esse contingente pela abnegação, apesar das dificuldades enfrentadas na atual safra. Ressaltou também que um evento como a Abertura da Colheita oferece a possibilidade de levar ao produtor novas tecnologias, como é o caso da cultivar BRS Jaspe. “Veio para suprir uma carência que o produtor tem na época de maturação, além de mostrar a importância das boas técnicas de manejo relacionadas à principal fruta que temos em Pelotas”, afirmou.
Pesquisador da Embrapa, o também engenheiro agrônomo Rodrigo Franzon, abordou a cultivar em sua fala no evento. Lançada em 2018, a BRS Jaspe poderia ter sido utilizada antes e hoje em maior escala não fosse a pandemia. “Constantemente nosso programa de melhoramento genético desenvolve novos materiais e busca avaliar aqueles que têm mais potencial para se tornar uma nova cultivar. A BRS Jaspe é uma opção ao Granada, que tem problemas de adaptação em alguns locais, e nas nossas avaliações a Jaspe apresenta uma produção mais estável, com padrão de fruta muito bom, com uniformidade, além de ser testado na lata e demonstrar uma qualidade muito boa para compota”.
Após as falas foi feita uma visita ao pomar, onde ocorreu a colheita com a participação do produtor e sua família, e das soberanas da 10ª Quinzena do Pêssego de Pelotas, a rainha Mariana Heller Bochardt e a princesa Fernanda Radmann Scaglioni. O evento culminou com a bênção aos pêssegos colhidos no evento pelo pastor luterano Jorge Signorini e o padre Luiz Armindo Capone.
Festa e Feira
A Abertura da Colheita inaugura período em que o pêssego protagoniza eventos em Pelotas. A fruta volta a ser destaque domingo (26), com a Festa Municipal na Comunidade São Pedro, Vila Nova, 7º distrito.
A partir do dia 1º de dezembro tem início a 10ª Quinzena do Pêssego. A abertura está marcada para as 11h no Largo do Mercado, com a Feira Municipal do Pêssego. A iniciativa possibilita ao consumidor a aquisição da fruta e de derivados diretamente do produtor em bancas no local e em outras regiões da cidade.