A diretriz nacional curricular para os cursos de graduação em Oceanografia possui como atividade complementar obrigatória o cumprimento de pelo menos 120 horas de embarque.
Assim, ao longo de uma semana, os alunos e alunas da disciplina de Instrumentação Oceanográfica terão uma vivência de mar, colocando em prática o conteúdo aprendido na sala de aula, além de trocar experiências com a tripulação da embarcação. “O objetivo da disciplina é formar recursos humanos e dar a eles e elas a oportunidade, ainda na universidade, de entrar em contato com os equipamentos que geralmente vão encontrar no mercado de trabalho”, contextualiza o professor Raphael Pinotti.
O acadêmico Talles Lisboa é natural de Rio Grande e vem de uma família de pescadores da comunidade da Marambaia, na Ilha dos Marinheiros. Cursando o último semestre da graduação, ele finalmente iniciava sua primeira experiência de pesquisa oceanográfica em alto-mar. “Desde o início do curso, tive uma aproximação com a parte da estatística pesqueira, através de pesquisas voltadas a animais marinhos. Agora terei a oportunidade de manipular equipamentos físicos, geológicos, nessa experiência que vem também complementar essa demanda de carga horária do curso”, explicou.
“Chegou a hora de vermos na prática tudo aquilo que acompanhamos nos 5 anos de faculdade”, avaliou a aluna Karine Quintana.
“A maior expectativa do curso é a hora do embarque, a gente entra no primeiro ano já sonhando com esse momento. Veio a pandemia e cancelaram os embarques, e foi uma quebra de expectativa. Então agora (o embarque) vai ter um gostinho ainda melhor”, comemorou a acadêmica Lethiele Souza.
Uma aluna da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) uniu-se ao grupo para o embarque no Porto do Rio Grande.
Laboratório em alto-mar
Construído em Fortaleza (CE), o Ciências do Mar I foi inaugurado em agosto de 2017. Possui 32m de comprimento total e 7,85m de boca e dois motores de 450 BHP de potência, podendo manter uma velocidade de cruzeiro de 10 nós, com grande economia de combustível.
A embarcação dispõe de dois laboratórios e uma gama de instrumentos científicos, com receptores instalados em carenagens no fundo do casco, para investigar as camadas submersas do oceano e o leito marinho. É equipada com cinco guinchos e um guindaste, destinados a lançar e recolher coletores de amostras e efetuar operações de pesca. Possui camarotes com capacidade total para o pernoite de 18 alunos e professores, além de acomodações para oito tripulantes.
O Ciências do Mar I serve como laboratório para atividades acadêmicas de universidades do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná e faz parte de um projeto financiado pelo Ministério da Educação (MEC), liderado pela FURG.