PAULO GASTAL NETO e CLAYTON ROCHA – DE PORTO ALEGRE
O Caminhos da Zona Sul e o programa Treze Horas, da Rádio Universidade, estiveram em Porto Alegre nesta segunda-feira, 18 para acompanhar a manifestação do diretor-presidente da CMPC, que controla a unidade de celulose em Guaíba, Hernán Rodríguez Wilson. Na apresentação a cerca de 50 jornalistas o CEO da empresa chilena fez uma breve apresentação sobre a história da companhia e os oito anos da aquisição da planta do Rio Grande do Sul junto a Fibria em 2009.
A principal informação repassada aos presentes foi em relação a expansão do grupo e o aumento dos investimentos, criando inclusive a possibilidade da implantação de uma nova unidade no Rio Grande do Sul, mais precisamente no sul do estado. O CEO deixou claro que o grupo tem limitações de áreas e até perfil de plantas já instaladas para crescer no Chile. Também descartou aportes no Uruguai ou na Argentina.
Hernán Wilson confirmou em entrevista ao Treze Horas da R.U. e ao Caminhos da Zona Sul que os planos de crescimento passam por mudanças na legislação brasileira que envolve a venda terras para estrangeiros. Um parecer de 2010 da Advocacia-Geral da União (AGU) veta a compra de áreas por estrangeiros, o que teria paralisado decisões de mais de R$ 60 bilhões em aportes nos anos recentes de diversas nacionalidades.
Hernán afirmou na entrevista que o interesse é no Rio Grande do Sul, mais precisamente na Zona Sul do estado, e que este é um problema que também aflige outros grupos internacionais que gostariam de investir no Brasil. Para instalar um novo empreendimento, a empresa precisa da base florestal, sentada em eucaliptos. A produção de processamento seria de mais de 1 milhão de toneladas de celulose ao ano, em um novo projeto.
O presidente da CMPC observou que qualquer decisão do grupo de capital aberto, mesmo com eventual acordo que mude a regra de aquisição das áreas no Brasil, não sairá antes de 2021. Projetos como estes levam sete a nove anos, que é o período de crescimento e maturação das florestas. Ou seja, são investimentos para começar a produzir em 2028. A companhia não tem acompanhado tratativas no governo federal, garantiu o CEO, nem sabe se elas estão ocorrendo.
Hernán Wilson observou que as unidades brasileiras, que incluem a de Guaíba, outras em diversas regiões e pertencentes a outros grupos de celulose, estão entre as mais eficientes no mundo. O fator de crescimento da base de eucalipto é o que mais pesa, e ainda a produtividade, que pode resultar em preços mais atrativos para ganhar mercado. Em regiões da Europa, onde estão os complexos mais antigos, a base leva mais de 40 anos para completar o ciclo de colheita. Um projeto adequado, para ser competitivo, deve ter garantidos ao menos 170 mil hectares de florestas de eucalipto plantada, citou o diretor-presidente da CMPC. Considerando que há sempre um percentual de reserva ambiental, o ativo em terras teria de ser superior a 200 mil hectares.