Mais uma vez, a Bacia de Pelotas (que compreende em torno de 210 mil quilômetros quadrados e se estende do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai, abrangendo toda a costa gaúcha) não atraiu interessados em um leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No total, foram oferecidos seis blocos dessa área na 14ª Rodada de Licitações de Áreas de Petróleo e Gás Natural, com valores de bônus para o arremate que variaram de R$ 8,6 milhões a R$ 11,2 milhões. O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, argumenta que ainda são poucos os dados e os estudos geológicos feitos sobre a Bacia de Pelotas. Essa situação aumenta o receio das empresas investirem no local. Silva recorda que nas últimas seis vezes em que a região foi colocada em um leilão, em apenas uma houve blocos arrematados.
A vencedora foi a Petrobras, em 2006, mas a estatal sequer chegou a perfurar um poço até agora. O doutor em geologia e assessor de pesquisa do Instituto do Petróleo e de Recursos Naturais da Pucrs, José Cupertino, ressalta que a indústria do petróleo trabalha com fator de risco e a Bacia de Pelotas representa um elevado risco. No entanto, o especialista frisa que, como a perspectiva é de que mais dados sejam colhidos futuramente, não é preciso perder as esperanças que ainda ocorra exploração de petróleo ou gás na região.
A 14ª Rodada de Licitações de Áreas de Petróleo e Gás Natural arrecadou R$ 3,842 bilhões, com um ágio de 1.556,05%. O valor superou a expectativa de R$ 1 bilhão do Ministério de Minas e Energia e de R$ 500 milhões da ANP. Foram arrematados 37 blocos para exploração e produção de petróleo e gás natural O último setor ofertado no certame foi o mais disputado e um dos blocos atingiu o valor de R$ 2,24 bilhões, em oferta do consórcio formado pela Petrobras e ExxonMobil. O bloco 346, adquirido pelo consórcio, está localizado no setor SC-AP3, na Bacia de Campos, considerado o “filé mignon” do leilão.
O setor foi o único a vender todos os blocos ofertados e o último a ser leiloado. O valor dos bônus da última área ofertada soma R$ 3,591 bilhões. Participaram 20 empresas, originárias de oito países, das quais 17 arremataram blocos, sendo 10 nacionais e sete estrangeiras. A assinatura dos contratos está prevista para ocorrer até o dia 31 de janeiro de 2018. A previsão de investimentos do Programa Exploratório Mínimo – conjunto de atividades a ser cumprido pelas empresas vencedoras na primeira fase do contrato – é de R$ 845 milhões.