DO JORNAL DO COMERCIO – Thiago Copetti
Uma força-tarefa montada para reabrir o frigorífico do Grupo Marfrig em Alegrete anda a passos largos para, até o dia 31 de outubro, colocar novamente para funcionar as máquinas desligadas em dezembro de 2016, que abatiam cerca de 700 cabeças de gado por dia. Em acordo assinado com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Alegrete, em julho, a companhia se comprometeu a reativar a unidade e contratar novamente ao menos 600 funcionários, dos 640 demitidos.
Na audiência para fechamento do acordo, conduzido pela juíza do Trabalho Fabiana Gallon, a empresa aceitou pagar multa de R$ 15 milhões caso a unidade não seja reaberta até a data prevista. Para a juíza, porém, dificilmente será necessário aplicar penalidade, pois a empresa já começou o movimento de reabertura e dá sinais concretos de que está disposta a reativar a fábrica, o que pode ser feito inclusive antecipadamente. “Pelo que estou acompanhando, a empresa começou até mesmo a reconduzir para Alegrete o maquinário que havia sido levado para a unidade de São Gabriel, e isso tem um custo elevado. Então, não creio que trabalhe com outra possibilidade que não a de reabertura”, avalia Fabiana, ressaltando, ainda, que foi o próprio diretor-presidente da Marfrig, Martin Secco Arias, quem buscou pessoalmente apoio da Justiça do Trabalho e do Poder Executivo para a reabertura.
Procurada, a Marfrig não negou estar trabalhando para a reabertura e informou que não poderia se pronunciar devido a exigência do “período de silêncio”. Recentemente, porém, a empresa informou, em matéria publicada em jornal do Centro do País, que entre os projetos de retomar unidades estava a de Alegrete. A companhia também está se movimentando para reativar o frigorífico de Parnaíba (MT), entre outras plantas fechadas desde 2015. O movimento da empresa, avalia o diretor da Farsul e do Sindicato Rural de Alegrete, Pedro Píffero, também está relacionado ao vácuo que vem sendo deixado pelo fechamento de unidade da JBS destinada à exportações e ao mercado interno. “Com a JBS se retraindo, e sendo a planta de Alegrete habilitada a exportar para a China, a unidade se tornou estratégica para a Marfrig ocupar espaços deixados pelo fechamento de unidades da JBS neste ano.
Quem vai pegar esse mercado deixado pela JBS no primeiro semestre é quem estiver melhor preparado”, avalia o pecuarista. De acordo com o deputado Frederico Antunes (PP), que também está ajudando na intermediação das negociações com o governo do Estado, a Marfrig pleiteia a ampliação do prazo de uso de créditos de ICMS, hoje com prazo de 30 dias. Antunes explica que o prazo exíguo já teria levado a empresa a perder créditos provenientes e que a intenção era poder utilizar esse recurso em até um ano. O Estado, no momento, diz Antunes, já sinaliza que poderá ampliar para até 90 dias. Para os trabalhadores da cidade, boa parte demitida no fechamento e ainda desempregada, há boas perspectivas de encerrar o ano novamente com a carteira assinada. De acordo com o Sindicato da Alimentação de Alegrete, a empresa solicitou os currículos cadastrados na entidade para poder começar a seleção em breve.