MAIS UM PASSO EM DIREÇÃO A INDÚSTRIA DE CELULOSE NA REGIÃO SUL: GRUPO CHILENO AGUARDA LIBERAÇÃO DE COMPRA DE TERRAS PARA INVESTIR NO RS

    Nunes, na planta de celulose em Guaíba, confirma que grupo chileno quer crescer no Brasil FREDY VIEIRA/JC – Jornal do Comércio

    JORNAL DO COMERCIO – Patrícia Comunello

    A previsão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que o governo pretende liberar a compra de terras por estrangeiros em 30 dias era tudo que o segmento de celulose queria ouvir no Rio Grande do Sul. O diretor-presidente da Celulose Riograndense, que pertence ao grupo chileno CMPC, Walter Lídio Nunes, disse que a previsão confirma informações que ele tem sobre a medida. Nunes destacou, nesta quinta-feira (16), ao saber da declaração dada pelo ministro à Globonews, que a liberação colocará em pauta novos investimentos no País. Sabe-se que a CMPC quer montar uma nova unidade de processamento de celulose no Estado, mas depende de mais base florestal.

    Para isso, precisa adquirir áreas de plantio. A atual base atende da demanda da planta de Guaíba, que teve a capacidade quadruplicada em 2015. A unidade produz quase 2 milhões de toneladas anuais, com mais de 90% destinadas ao Exterior. “Acredito que essa posição do ministro seja realista. O próprio governo tem estudado e olhado para este tema”, pontuou o executivo. Atualmente, as restrições são pesadas e foram impostas por um parecer da Advocacia Geral da União (AGU), em 2010.

    O destravamento das aquisições, destaca Nunes, é essencial para mover a economia. Números de setores ligados ao agronegócio e indústria como de celulose, já apontaram em mais de R$ 50 bilhões em investimentos que foram suspensos pela proibição. O diretor-presidente frisou ainda que o governo precisa adotar um instrumento jurídico que dê segurança e transparência sobre as regras a quem investir. “Quem vem investir não vem para se aventurar, mas para um negócio de longo prazo. “É preciso ter consistência para reduzi o risco. Acho que o governo está atento a isto.” A dúvida é se o instrumento a ser buscada será um novo parecer da AGU, outra legislação ou Medida Provisória. Nunes reforçou que o grupo chileno fez a opção para investir no Brasil. Além da planta em Guaíba, a CMPC é dona da Melhoramentos, com duas fábricas em São Paulo. “Ele aguarda com todo interesse esta decisão (terras).” Segundo ele, os planos para o Brasil estão relacionados com crescimento do grupo. O dirigente avalia que a ação do governo serviria para atrair investidores, formar novas cadeias de produção e desenvolver clusters do agronegócio. O ministro disse, na entrevista que foi ao ar na noite dessa quarta-feira, que a liberação busca dar impulso ao agronegócio, “uma das áreas que está dando certo” no País. Mesmo que a medida saia em 30 dias, o grupo terá um prazo para avaliar mercado e um novo investimento. “A tendência é de crescer no Brasil e com mais investimento”, repetiu Nunes. No Estado, a produção e venda de celulose puxou a economia gaúcha em 2016 e fez toda a diferença na balança externa, com divisa de mais de USA$ 600 milhões.

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