DIÁRIO POPULAR – Por: Rafaelle Ross
Gradativamente movimentação da operação de transporte de madeira cresce e modifica o cenário portuário pelotense
A operação de transporte de madeira usada na produção de celulose entra no seu segundo mês ainda em ritmo de testes, porém em crescimento gradativo das atividades que envolvem o descarregamento de toras e envio de barcaças no terminal do Porto de Pelotas. A previsão é de que nos próximos 30 dias sejam despachadas 20 embarcações, duas a mais do que o enviado para Guaíba em novembro. O balanço do projeto, bem como uma avaliação, projeções e desafios do setor florestal, foi tema de um evento realizado na última quarta-feira, em Porto Alegre, conduzido pelo diretor-presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes.
Em sua fala à imprensa, Lídio destacou o início da operação em Pelotas como parte das realizações de 2016 do grupo, que atua no município através do operador portuário Sagres Agenciamentos Marítimos. O diretor aproveitou para ressaltar a geração de empregos oportunizada pelo processo de transporte, além da valorização da mão de obra local, a qual recebeu prioridade para o preenchimento das vagas. Este é, inclusive, um dos motivos, segundo o gerente de contratos do terminal, Bruno Carvalho, da operação ainda estar em fase de testes. Os funcionários precisaram receber treinamento por estarem, na grande maioria, previamente qualificados para as atividades e ainda estão em período de adaptação com o maquinário e também rotinas da operação. “Priorizamos a segurança e a tranquilidade de que todos os envolvidos estejam afinados com o processo para que tudo ocorra dentro da normalidade e sem surpresas”, reforça. Foram geradas 800 vagas de trabalho diretas e estima-se que até duas mil indiretas.
Apesar disto, o ritmo do trabalho segue aumentando no terminal. O armazenamento de madeira, por exemplo, saltou de 1.700 toneladas na segunda semana de outubro para 8 mil no início deste mês. Resultado do crescimento no número de caminhões que chegam da Região Sul para descarregar no local. As obras de qualificação, que envolvem adequações no pátio, colocação de novas balanças de pesagem e scanner, além da construção de um espaço administrativo e proteção para o cais, também estão perto de serem concluídas. Restam algumas finalizações, afirma Carvalho. Tudo para viabilizar a operação que funciona 24 horas e é dividida em quatro turnos, com três equipes fixas e uma de apoio. A revitalização e o investimento na operacionalização do Porto custaram cerca de R$ 20 milhões para a CMPC.
Outro destaque dado por Lídio envolvendo as ações em Pelotas são referentes às contrapartidas oferecidas pelo projeto, dentre elas a drenagem da região do Quadrado e a transferência da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), hoje instalada na avenida Bento Gonçalves, para o Porto. A ligação com projetos culturais também pode ser apontada como um braço da operação, principalmente os ligados ao grafite, arte que tem decorado os muros que cercam o terminal portuário. Parte desta postura, aponta Bruno Carvalho, impacta no relacionamento com a comunidade local, a qual demonstrou certa resistência frente à apresentação do projeto, porém tem aprovado as ações com o andamento das atividades. “Temos recebido até mesmo visitas de moradores que vêm conversar e mesmo agradecer pelo melhoramentos e também pela postura dos funcionários, com os caminhões se mantendo dentro do limite de velocidade, sem causar transtornos.”
Desafios e projeções
Dentre os principais apontamentos de Lídio no evento realizado na capital gaúcha estão a necessidade de avanços no meio hidroviário, como o conquistado com o início da operação de Pelotas, e também o interesse de instalação de uma fábrica de celulose na Zona Sul. Segundo levantamentos, o investimento é grande, cerca de R$ 7 bilhões, porém há grande potencial. Tudo, é claro, considerando o cenário de crise o qual o país ainda enfrenta e que impacta diretamente no setor de transformação, principalmente se somado a isto a atual situação do Rio Grande do Sul. Apesar disto, a demanda para o setor da celulose tem se mostrado crescente em termos mundiais, com foco no papel sanitário e em regiões como China e Índia.
Outro desafio apontado pelo empresário é a interrupção nas obras da BR-116, importantes para facilitarem e agilizarem o escoamento do material até o Porto de Pelotas, por exemplo. No interior da cidade, esta necessidade levou a algumas adaptações, como o asfaltamento das vias que fazem esta conexão, além de sinalização e drenagem realizadas em parceria com a prefeitura.
O porto
Capacidade de armazenagem: 12 mil toneladas
Investimento: R$ 35 milhões
Aporte mensal na economia local: R$ 4,5 milhões
O transporte
– Cada barcaça tem capacidade para 2.500 toneladas
– O que equivalente a 70/80 caminhões bitrens
– Capaz de tirar cerca de 150 caminhões ao dia das estradas
– Há um total de 8 mil toneladas de madeira, ou 12 mil m³, armazenadas no terminal
– Com a operação, o Porto passa a transportar 1,6 milhão de toneladas ao ano. No momento transporta 400 mil toneladas/ano.
O trajeto da madeira
# As toras de eucalipto serão encaminhadas para Pelotas através das BRs 116 e 392
# De Pelotas ela será transportada até Guaíba
# Depois do processo o eucalipto vira celulose. Ela é encaminhada para o mercado interno e de fora do país, como Argentina e Uruguai
# Parte da celulose é destinada por hidrovia até Rio Grande
# De Rio Grande ela é encaminhada ao exterior
A origem
14 municípios enviam madeira proveniente de 100 mil hectares de áreas plantadas
Aceguá
Arroio grande
Bagé
Candiota
Capão do Leão
Cerrito
Herval
Hulha Negra
Jaguarão
Pedras Altas
Pedro Osório
Pinheiro Machado
Piratini
Rio Grande