COSULATI ENTRA EM NOVOS RUMOS

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    Assembleia geral extraordinária aprovou a dissolução voluntária da Cooperativa Sul-rio-grandense de Laticínios (Cosulati), ontem, em Capão do Leão. Com isso, a instituição terá um ano, prorrogável por mais um, para renegociar suas dívidas e sair da crise que a levou a suspender as atividades de duas de suas unidades, a fábrica de rações de Canguçu e o abatedouro de aves de Morro Redondo – a fábrica de laticínios de Capão do Leão segue operando.

    “O agravamento da crise se deu em função da situação econômica mundial”, disse o gestor da cooperativa, Jones Raguzoni, para explicar que a maior parte da dívida – que não teve seu total revelado – provém de financiamentos de crédito rural utilizados para fomentar as atividades leiteira, avícola e de grãos. “Com a recuperação extrajudicial poderemos focar na atividade principal, que é o leite, e em seus produtores”, previu. “Faturamos três vezes o que devemos, o valor total dá para pagar a dívida”, complementou.

    O presidente do conselho administrativo, Arno Kopereck, que entregou o cargo depois de 26 anos, pediu aos associados que não deixem a cooperativa chegar a o fim porque ela tem um papel econômico e social importante na zona sul do Estado. “A situação não é fácil, mas há saída”, sustentou. A Cosulati tem 2.923 associados de 45 municípios e atualmente processa 350 mil litros de leite por dia. No ano passado, seu faturamento chegou a R$ 290 milhões. A expectativa é que se repita neste ano.

    Representando os associados, os 41 delegados de núcleos também elegeram como liquidante Airton Seiffert e os conselheiros fiscais Alessandro Rediss, Almir Fernandes Mendonça e Antonio Desere Gastal. Por acordo, a remuneração do liquidante será o valor equivalente a 20 mil litros de leite por mês, enquanto a dos conselheiros será o equivalente a 500 litros de leite por sessão, que não devem exceder a quatro por mês.

    “Vamos trabalhar focados na otimização dos parques e no produtor, reduzindo custos e buscando parcerias para poder voltar e dar continuidade às atividades no abatedouro de frangos e na fábrica de rações”, anunciou Seiffert.

    À espera de ânimo novo

    A dissolução voluntária da Cosulati é considerada por lideranças do setor como positiva. O presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas (AGL), Ernesto Krug, diz que o processo vai dar ânimo aos 939 produtores que hoje garantem à Cosulati 350 mil litros de leite por dia. “A reorganização vai trazer de volta aqueles produtores que deixaram a Cosulati”, projeta.

    O presidente da Ocergs, Virgílio Perius, entende que a cooperativa adotou a saída possível para o saneamento das finanças e aposta na parceria dos associados para reerguer a instituição.

    Já o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Carlos Joel da Silva, acha que tudo dependerá do administrador: “A dissolução é negativa e abala a confiança do produtor. Mas se os pagamentos forem mantidos em dia, talvez o crédito se restabeleça”.

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