OPERAÇÕES NO PORTO DE PELOTAS VÃO QUADRUPLICAR

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    Embarque de toras de madeira é o fator responsável pela nova realidade, que aumentará a movimentação para 1,6 milhão de toneladas/ano

    O Porto de Pelotas – primeiro do Estado a ser ambientalmente licenciado pela Fundação Ambiental de Proteção Ambiental (Fepam) – vai quadriplicar a movimentação de toneladas/ano, das atuais 400 mil para 1,6 milhão, a partir do funcionamento do novo terminal para transporte hidroviário de toras de madeira produzidas em 14 municípios da região. O investimento promoverá, também, a injeção de R$ 4,5 milhões por mês na economia local.

    Um dos impactos positivos da instalação do terminal de recepção, embarque e transporte hidroviário de toras de madeira, agenciado pela empresa Sagres Agenciamentos Marítimos, até a CMPC Celulose Riograndense em Guaíba, é a geração de 800 empregos diretos em silvicultura, colheita, transporte e operações portuárias, fora os indiretos, como em revendedoras de combustíveis, mecânicas e borracharias, por exemplo.

    Francisco de Jesus Gonçalves Silveira é um dos beneficiados. Ele é operador de máquinas e estava desempregado. “A instalação do terminal de madeira foi ótima. Renovou a área portuária, com tendência a crescer. Desta forma, surgirão mais oportunidades de emprego em todos os setores. A situação estava difícil para mim. Agora, está estável e me sinto aliviado.”

    O técnico em Segurança Fábio Conceição também foi aproveitado. Depois de passar 18 meses desempregado, enfrentando dificuldades, trabalhou em outra empresa do ramo de transporte de madeira. De lá, foi chamado para integrar a equipe do novo terminal do Porto, devido à experiência profissional. “Esse processo estabilizou minha vida. Entrei aqui e melhorei de situação. Antes, eu tinha que passar viajando e, agora, estou tranquilo e com perspectivas de crescimento dentro da empresa. Esse empreendimento foi muito bom para mim e para a cidade. O Município acertou em incentivar as operações.”

    A prefeitura, através de convênio com a CMPC Celulose, participou do investimento de mais de R$ 2 milhões na projeção e execução da nova infraestrutura para possibilitar o incremento operacional do Porto de Pelotas. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sdet) esteve à frente no reestudo de pontos a serem melhorados. O secretário Fernando Estima lembra as consultas que possibilitaram o envolvimento da comunidade daquela área e a participação da Academia.

    A transformação viária da zona sul da cidade, para neutralizar impactos aos moradores devido ao aumento do trânsito decorrente do transporte de toras de madeira em caminhões, teve a participação conjunta de secretarias do Município – Obras e Pavimentação (Smop), Transporte e Trânsito (STT), Sanep e Unidade de Gerenciamento de Projetos (UGP).

    Contrapartidas

    O uso do Porto para transporte hidroviário de toras de madeira está trazendo outros benefícios para o Município, através da contrapartida que cabe ao agenciador portuário. A região das Doquinhas está passando por obras de drenagem para acabar com alagamentos e enchentes; parte da rua Conde de Porto Alegre e de outras vias que compõem o trajeto de acesso ao Porto foram asfaltadas para neutralizar trepidações provocadas pelo trânsito de caminhões; e a Patram ganhou terreno e terá seu quartel construído naquela área da cidade.

    O Estado também recebe sua contrapartida. Por conta da CMPC e da Sagres, o porto público foi revitalizado com a doação de uma nova balança e a implantação de oficinas. A dragagem do canal já está em fase de tomada de preços e deverá ser iniciada em novembro.

    Fernando Estima frisa que o grande interesse público do Município é que o Porto esteja em evidência. “As operações com arroz e com clínquer (matéria-prima para cimento), somadas às da madeira, projetam o transporte hidroviário e colaboram para atrair novos investimentos. Pelotas, na ótica da logística, é favorecida pelo posicionamento geográfico, contando com a convergência de BRs que direcionam ao Porto de Rio Grande, à fronteira, ao centro do Estado e à capital.”

    Teste e início

    O diretor-presidente da Sagres, Marcos Fonseca, informa que entre os dias 10 e 12 deste mês será realizado teste de embarque no terminal com o carregamento da primeira barcaça com toras de madeira a serem transportadas pela hidrovia para Guaíba.

    No final do mês, o terminal da Sagres, que ocupa 23.500 m² de área à beira do canal São Gonçalo, deverá operar a pleno. Os caminhões carregados chegarão ao local utilizando o acesso sul totalmente asfaltado. Após passarem pela balança, para registro de peso e medida, serão descarregados por dois guindastes holandeses. Um terceiro guindaste, sueco, de alta tecnologia (reduzida poluição sonora e fumaça) conduzirá as toras até a barcaça. Cada uma comporta a carga de 80 a 90 caminhões (2.500 toneladas) e leva 18 horas de viagem até Guaíba, onde madeira será transformada em celulose e levada para o Porto de Rio Grande.

    No momento, a Sagres está desenvolvendo a revitalização externa da área do terminal. Muro acústico (com medição adequada para barrar ruídos das operações), construção de passeios públicos e requalificação da fachada com intervenções de artistas locais estão em andamento.

    O projeto do terminal deverá durar dez anos. O contrato é renovado a cada 36 meses. Com o término das operações, todos os investimentos e as estruturas ficam para o Estado.

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