A Sondagem Industrial de maio, divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), revela que a produção e o emprego permanecem em baixa e a ociosidade continua alta no setor. Apesar de pouco animadores, esses resultados mostram, porém, que não há acúmulo de estoques e a percepção dos industriais gaúchos sobre a situação atual, bem como as perspectivas, ficaram menos negativas. “A recuperação tende a ser gradual, alguns indicadores já começam a mostrar sinais de que a recessão perde intensidade e a falta de confiança começa a diminuir”, afirma o presidente da FIERGS, Heitor José Müller.
O novo recuo dos estoques de produtos finais apresentado na Sondagem de maio consolida o ajuste, apurado no mês anterior. Isso se reflete no indicador que mede em relação ao nível planejado pelos industriais: caiu de 49,9 em abril para 49,4 pontos no mês, o menor valor desde junho de 2010. A explicação para a redução dos estoques nas indústrias pode se dar por dois fatores, um positivo e outro negativo, explica Müller: “Por um lado, a queda na produção diminuiu o acumulo de estoques. Por outro lado, o Real mais desvalorizado aumenta a competitividade externa e a reduz a entrada do produto importado no mercado interno”. Sem produção estocada, a indústria gaúcha tem um entrave a menos para produzir no curto prazo.
Mesmo que tenham aumentado na comparação com abril, os indicadores de atividade, abaixo dos 50 pontos, denotam contração. A produção industrial atingiu 45,8 pontos, cinco acima do mês anterior, o que só significa retração menos intensa. O mesmo vale para o emprego que, em queda há 25 meses, registrou 44,9 pontos em maio ante 43,3 em abril.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI), outro indicador importante na Sondagem Industrial, aponta que o grau médio cresceu um ponto percentual relativamente a abril e alcançou 65%, mas é o mais baixo patamar para maio desde 2011. A alta ociosidade no mês é confirmada pelo indicador de UCI em relação ao usual, que subiu de 33 para 34,6 pontos, mantendo-se bem abaixo dos 50, que representam o nível normal.
PERSPECTIVAS
Em junho, as expectativas para os próximos seis meses revelam um quadro menos pessimista entre os 243 empresários gaúchos ouvidos pela Sondagem. O indicador de demanda passou a prever estabilidade (50 pontos), deixando para trás 16 meses seguidos de projeções negativas. Com isso, as empresas planejam diminuir o ritmo das demissões – o indicador subiu de 42,7 para 45,3 pontos. As perspectivas ficaram mais positivas para as exportações, que passaram de 50,6 pontos em maio para 53 pontos este mês. O menor pessimismo levou a um aumento na intenção de investimento, embora siga baixa: subiu para 39 pontos, 2,7 acima de maio.
Desenvolvida mensalmente pela FIERGS, a Sondagem Industrial RS varia numa escala de 0 a 100 pontos. Quanto mais os valores estiverem acima de 50 significa maior otimismo. Apenas a variável de estoques em comparação ao planejado é avaliada como negativa acima dos 50 pontos. No caso da intenção de investir, quanto maior o índice, maior a propensão da indústria.